O Centro de Excelência contra Fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) no Brasil realizou, em outubro, uma missão técnica em apoio à unidade de Sistemas Alimentares Adaptados às Mudanças Climáticas do WFP em Moçambique. A missão faz parte de uma cooperação técnica estabelecida entre o Centro de Excelência do WFP no Brasil e o WFP em Moçambique que busca identificar e promover soluções inovadoras e sustentáveis para apoiar agricultores familiares a enfrentar os desafios em suas comunidades rurais.
Os consultores Ricardo Farias e Luderlândio Andrade visitaram os distritos de Caia, Maringue e Chemba para ministrar treinamentos com beneficiários do projeto Integrated Climate Risk Management (ICRM), com apoio da Korea International Cooperation Agency (KOICA). O foco dos treinamentos foi o desenvolvimento de técnicas de agricultura inteligente em relação ao clima, uso de ferramentas de agricultura de conservação, compostagem, manejo de pragas e estabelecimento de infraestrutura de baixo custo para captação de água.
Durante as atividades, foi utilizada a metodologia de Treinamento de Treinadores (Training of Trainers – ToT). O método consiste em treinamentos teórico-práticos voltados para técnicos extensionistas, monitores do WFP e representantes de agricultores das comunidades que serão capazes de disseminar o conhecimento com outras pessoas em um efeito multiplicador.
“Para cada tema, provocamos uma discussão teórica e, a partir dela, o tema era posto em prática de forma que se obtivesse uma complementação. Isso favoreceu bastante a formação de uma avaliação mais crítica, pois temas como a enxertia, compostagem, ou temas mais teóricos, como abordagem extensionista, ficam de certa forma mais perceptíveis ou compreensíveis”, disse Ricardo Farias. “A imersão logo após a teoria facilitou muito a compreensão das técnicas. Esse regime de alternância formativa pode ser uma ótima estratégia de transferência de conhecimento”, completou.
Durante os treinamentos, os extensionistas participaram de atividades sobre ferramentas da agricultura de conservação a exemplo do plantio direto, consórcios agrícolas e rotação de culturas, implementação de compostagem, técnicas de replicação de mudas, seleção de sementes de milho e recomendações de plantio para cultura da batata e mandioca. De acordo com Luderlândio Andrade, o plantio de frutíferas também pode ser potencializado com o cultivo de hortaliças, por exemplo, pois a maior parte das áreas visitadas possuem o lençol freático próximo a superfície.
Os participantes também aprenderam sobre o uso de insumos alternativos e estratégias agroecológicas para controle de pragas, além de informações a respeito de sistemas de captação de água de baixo custo, como as barragens subterrâneas.