Atualmente, 1 em cada 3 pessoas no mundo sofre de excesso de peso ou obesidade e 1 em cada 9 pessoas enfrenta a fome. Ao mesmo tempo, o mundo não está no caminho certo para atingir metas para qualquer um dos indicadores nutricionais até 2030. Infelizmente, projeta-se que mais 22 milhões de crianças em países de baixa e média renda terão déficit de crescimento (stunting) e outras 40 milhões estarão abaixo do peso considerando sua altura (wasting) entre 2020 e 2030 devido à pandemia.
A crescente prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes é observada globalmente. De 2000 a 2016, a proporção de crianças (5 a 19 anos de idade) com excesso de peso duplicou no mundo, passando de 1 em cada 10 para quase 1 em cada 5 crianças, segundo o UNICEF (2019). A região da América Latina e do Caribe segue a mesma tendência, com a prevalência de crianças com excesso de peso tendo duplicado desde 1990.
Esses problemas, além de afetarem saúde e a qualidade de vida das pessoas, também causam várias doenças, com consequências sociais e econômicas para as famílias, comunidades e governos. É importante notar, entretanto, que a obesidade pode ser prevenida.
O Projeto de cooperação Sul-Sul para o Enfrentamento da Múltipla Carga da Má Nutrição em Escolares é fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, o Centro de Excelência contra a Fome do WFP e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores.
Essa troca horizontal de conhecimentos, principalmente no combate ao sobrepeso e obesidade infantil, visa apoiar processos de fortalecimento das instituições públicas nacionais e dos setores de nutrição e saúde considerados fundamentais para a gestão das políticas públicas de alimentação e nutrição nos países parceiros.
Este projeto busca sinergias e complementaridade com outras iniciativas brasileiras e internacionais do setor, bem como com as atividades desenvolvidas pelos escritórios do WFP na Colômbia e no Peru.
BRASIL
Os dados do Ministério da Saúde do Brasil sobre o cenário nutricional apontam que, em 2020, das crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde (APS) do SUS, 15,9% dos menores de 5 anos e 31,8% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso, e, dessas, 7,4% e 15,8% apresentavam obesidade, respectivamente, segundo Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade. Quanto aos adolescentes acompanhados na APS em 2020, 31,9% e 12% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. Outro documento importante é o do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), que revelou que 10% das crianças brasileiras menores de 5 anos estão com excesso de peso, 3% estão com obesidade e 18,3% estão em risco de sobrepeso.
Parceiros

COLÔMBIA
Na Colômbia, destacam-se a Pesquisa Nacional de Situação Nutricional (ENSIN) e a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar da Colômbia (ENSE), fundamentais para conhecer o cenário alimentar e nutricional do país e basear ações, políticas e programas de saúde. Segundo esses dados recentes, 1 em cada 4 crianças entre 5 e 12 anos está acima do peso (ENSIN, 2015). A prevalência atual de excesso de peso em menores de 18 anos é de 17,53%, o que se traduz em cerca de 2,7 milhões de afetados. Da mesma forma, entre 2005 e 2015 este índice cresceu cerca de 70%, segundo as últimas medições feitas no país. A obesidade infantil, especificamente, afeta 20% das crianças na Colômbia, de acordo com a Pesquisa Nacional de Nutrição.
Parceiros

PERU
Para o período 2017-2018, de acordo com relatórios preliminares da Pesquisa de Vigilância Alimentar e Nutricional por fases de vida VIANEV 2017-2018, observou-se que a prevalência de excesso de peso atingiu quatro em cada dez meninas e meninos de 5 a 9 anos (37,4%). A obesidade infantil também está em ascensão no país. Nos últimos dez anos, mais que dobrou entre as crianças de 5 a 9 anos do país: de 7,7% em 2008 passou para 19,3% em 2018, segundo dados do Observatório de Nutrição e do Estudo de Sobrepeso e Obesidade.
Parceiros

Publicações e Vídeos
Incentivar a alimentação adequada e saudável, a diminuição do comportamento sedentário e da inatividade física e ações voltadas para a saúde das crianças é papel de toda a sociedade. A obesidade infantil merece a atenção de todos por meio de ações diversas, multidimensionais e intersetoriais como, exemplificado nos documentos e vídeos abaixo.
O projeto foi formalizado em dezembro de 2019 e o primeiro workshop com os países cooperantes aconteceu em dezembro de 2020.
Entre os produtos previstos, estão materiais de apoio e capacitação para gestores e materiais educativos para o público infantil. Outras ações também incluem elaboração de análises comparativas para criação de evidências sobre a múltipla carga da má nutrição e, especialmente, o sobrepeso e obesidade nos países envolvidos, além do fortalecimento de redes de conhecimento e participação em seminários nacionais e internacionais sobre o tema.