Representantes do governo do Quênia realizaram visita técnica ao Rio Grande do Norte entre os dias 25 e 29 de novembro de 2024 para trocar experiências sobre práticas para a expansão de programas de alimentação escolar, integrando abordagens sustentáveis e adaptadas ao clima.
A agenda incluiu apresentações sobre os programas de alimentação escolar nos dois países, visitas a escolas urbanas, escolas rurais e cooperativas que contam com iniciativas de tecnologias sociais e sustentáveis.
A visita foi organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil e o WFP Quênia, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e apoio do governo do estado do Rio Grande do Norte.
Os objetivos principais da visita foram a promoção da troca de experiências e boas práticas entre Brasil e Quênia no âmbito do programa de alimentação escolar em tópicos como a aquisição local, e o fortalecimento de capacidades dos governos a desenvolver a agricultura de inteligência climática.
O governo do Quênia tem como meta ampliar o seu programa nacional de alimentação escolar, beneficiando 10 milhões de crianças até 2030. Durante a visita, a delegação passou pelas cidades de Natal, Mossoró e Apodi, as últimas, escolhidas por estarem em região de semiárido, semelhante à realidade no Quênia.
A troca de experiências incluiu duas áreas temáticas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): a estrutura de governança, que coordena o programa em diferentes níveis governamentais enquanto garante a aquisição de alimentos de pequenos agricultores, e a demonstração prática do programa, com visitas de campo que destacam a relação entre escolas e agricultores e tecnologias sustentáveis empregadas.
Como parte das visitas de campo, a delegação conheceu a Cooperativa de Agricultores Familiares de Mossoró, que fornece alimentos para o PNAE, e visitou a horta escolar e sistema de armazenamento hídrico (cisterna) em uma escola estadual. Além disso, teve oportunidade de conhecer a rede Xique-Xique de mulheres produtoras de alimento agroecológicos fornecidos às escolas, e a Associação de Produtores e Produtoras da Feira Agroecológica de Mossoró.
Na ocasião, foram mostradas práticas de administração de programas de alimentação em larga escala; planos de agregação de pequenos produtores e acesso ao mercado local, o cultivo de plantações resilientes à seca; e técnicas agrícolas favoráveis ao clima, além de práticas brasileira de descarbonização.
Para Felipe Leal Albuquerque, assessor da coordenação-geral do PNAE, receber delegações estrangeiras é uma forma de divulgar para o mundo experiências brasileiras testadas e adaptáveis para outras realidades. Ele afirmou que, no caso do Quênia, há vários pontos de contato entre o PNAE e as tecnologias de convivência com o semiárido com o que é realizado no país.
“Através da cooperação técnica, o Brasil pode colaborar com a ampliação do programa de alimentação escolar queniano e com a ampliação das compras da agricultura familiar. Através dessa troca, as instituições brasileiras também podem aprender e desenvolver novas práticas e processos, se beneficiando desse contato”, disse.
Além de representantes de ministérios do governo queniano, a delegação era composta também por representantes do WFP Quênia e de organizações parceiras como a Fundação Rockefeller e Food for Education.
Para Riffat Iqbal, analista de projetos da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), este foi um excelente momento de aproximação entre o Brasil e o Quênia. “A importância dessa visita para o governo brasileiro foi de compartilhar suas experiências e boas práticas de alimentação escolar e de outras políticas, assim como aprender com o Quênia, em especial no tema da convivência com o semiárido. Ademais, no próximo ano, o Brasil, a FAO, o FIDA e o WFP e o Quênia aprofundarão a cooperação na área de alimentação escolar conectada à agricultura familiar”, disse.
Como resultado da visita, um plano de ação será construído para ampliar o programa de alimentação escolar queniano, com diretrizes que contemplem a agregação de pequenos agricultores e um roteiro revisado para adoção de práticas modernas de cozimento em escolas, desenvolvido a partir da experiência brasileira.
A visita foi encerrada com reflexões sobre os aprendizados e discussões sobre futuras colaborações entre os dois países.