No dia 20 de novembro é comemorado no Brasil o Dia da Consciência Negra, data em que Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela libertação do povo negro durante a escravidão, faleceu em 1695. A data é uma oportunidade para relembrar os desafios a serem vencidos relacionados à população negra e ao racismo, principalmente ligados ao acesso à alimentação saudável e nutritiva.
Pessoas negras estão em maior proporção entre os indivíduos em situação de pobreza e extrema pobreza e, consequentemente, têm menor poder de decisão para escolhas alimentares. Além disso, muitos têm dificuldade em acessar alimentos de melhor qualidade nutricional e em quantidade suficiente. No Brasil, a população negra lidera os índices de insegurança alimentar e nutricional grave e, como apontam os dados da Rede PENSSAN em 2022, a fome saltou de 10,4% para 18,1% entre os lares comandados por pretos e pardos.
Os problemas de parte da população negra podem ser visualizados também de forma territorial. As favelas e comunidades do Brasil são formadas por um número expressivo de pessoas negras e estão concentrados nestes locais os desertos alimentares, regiões onde há baixa disponibilidade de alimentos in natura em contraste a alta comercialização dos alimentos ultraprocessados. Este grupo de alimentos, formado por biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos, sucos industrializados, entre outros, tem altas concentrações de calorias, sal, açúcar e gorduras, além de estarem associados ao desenvolvimento de doenças crônicas, como o diabetes e hipertensão. A população negra, portanto, está mais exposta a esses riscos à saúde. Outros grupos majoritariamente negros que também passam por dificuldades à alimentação são pessoas em situação de rua, quilombolas e ribeirinhas.
As questões de gênero dentro desse grupo também precisam ser observadas. No Dia da Consciência Negra deste ano, a ONU Brasil lançou a campanha UNA-SE, pelo fim da violência contra as mulheres. A campanha destaca as múltiplas e agravadas formas de discriminação e as violações de direitos e violências contra mulheres e meninas negras.
Combate à insegurança alimentar
Programas de alimentação escolar são mecanismos importantes de proteção social e permitem que crianças de comunidades quilombolas, por exemplo, tenham acesso a uma alimentação adequada, saudável e que respeite as características culturais. Como parte do trabalho de cooperação Sul-Sul do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), a experiência brasileira nessa área tem sido compartilhada com outros países do mundo. Saiba mais na publicação sobre alimentação escolar em comunidades quilombolas.
Outras ações do Centro de Excelência do WFP incluem o combate à insegurança alimentar por meio do projeto Nutrir o Futuro, que apoia o fortalecimento das instituições públicas nacionais e dos setores de nutrição e saúde considerados fundamentais para a gestão das políticas públicas de alimentação e nutrição nos países parceiros, como Peru e Colômbia. Saiba mais.