
Cerca de 200 participantes de 18 países, incluindo ministros de Estado, representantes da sociedade civil, instituições financeiras internacionais e das Nações Unidas, reúniram-se em Honduras, de 15 a 17 de julho, no XI Fórum Regional de Alimentação Escolar para a América Latina e o Caribe, coorganizado pelo Governo de Honduras e pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP) das Nações Unidas.
Durante os três dias do Fórum, os participantes debateram o valor da alimentação escolar como instrumento de proteção social, discutiram o papel das escolas como catalisadoras de sustentabilidade e resiliência, e destacaram a importância da alimentação escolar para os povos indígenas.
O Fórum foi um espaço para troca de experiências e preparação conjunta rumo à 2ª Cúpula Mundial sobre Alimentação Escolar, que será realizada em Fortaleza (Brasil), dias 18 e 19 de setembro de 2025.
Participação brasileira
O governo brasileiro esteve presente para compartilhar experiências do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e defender a alimentação escolar como uma das estratégias eficientes no combate à fome. Entre os panelistas estavam Saulo Ceolin, coordenador da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e Karine Santos, coordenadora do PNAE, representando o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Saulo Ceolin destacou em sua fala que o Brasil reconhece a alimentação escolar como uma política pública estratégica que garante não apenas a segurança alimentar e nutricional, mas também a permanência na escola, a geração de empregos e a dinamização do mercado local.
“Há mais de 15 anos que um dos pilares da nossa cooperação internacional tem sido a alimentação escolar. Muito do trabalho da Agência Brasileira de Cooperação tem como foco a promoção da alimentação escolar e as compras locais da agricultura familiar, justamente por todos esses aspectos e pelo reconhecimento do direito humano a uma alimentação adequada. Por isso, defendemos uma política estruturante que garanta o acesso universal de crianças à alimentação escolar”, disse.
Karine Santos destacou que no Brasil a alimentação escolar é um tema que toca vários Ministérios, além do da Educação, como o da Saúde e do Desenvolvimento Agrário. “Um exemplo concreto dessa atuação conjunta é a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional que conta com 23 ministérios que atuam, reflerem e propôem melhorias em programas de segurança alimentar e nutricional.”
O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil acompanhou os debates, representado pela oficial de Programas Maria Giulia Senesi.
América Latina e Caribe
A América Latina e o Caribe têm sido uma região pioneira na ampliação dos programas de alimentação escolar como resposta aos grandes desafios enfrentados por pessoas e pelo planeta — da nutrição infantil à construção de sistemas alimentares resilientes às mudanças climáticas.
Os programas governamentais de alimentação escolar na América Latina e no Caribe alcançam mais de 80 milhões de crianças – ficando atrás apenas da região do sul da Ásia, segundo o relatório emblemático do WFP “Estado Mundial da Alimentação Escolar” de 2022 – com um investimento coletivo anual de aproximadamente 7,6 bilhões de dólares.
Esses governos vêm optando, cada vez mais, por utilizar alimentos produzidos localmente nas refeições escolares, estimulando os mercados regionais e incluindo alimentos sazonais nos cardápios.
Apoio do WFP aos esforços nacionais
O WFP colabora com os governos da região para fortalecer as iniciativas nacionais de alimentação escolar, com apoio adaptado aos contextos locais. Entre os exemplos estão a transformação de contêineres de transporte em cozinhas em El Salvador; o fornecimento de almoços para crianças afetadas pela violência no Haiti; a conexão de fazendas com escolas vizinhas na Guatemala; e a promoção do arroz enriquecido nas escolas do Peru.
“Atendemos estudantes em áreas vulneráveis com apoio vital — crianças afetadas pela seca, pela degradação ambiental e pela exclusão social, desde o Corredor Seco até os Andes e a Amazônia”, afirmou Lola Castro, diretora regional do WFP para a América Latina e o Caribe.