A história de Antonia Soares Mota, funcionária terceirizada do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), pode retratar diversos projetos desenvolvidos pelo Centro. Filha de uma família de agricultores familiares de um pequeno distrito do município de Novo Oriente, no Ceará, ela é a mais velha de oito irmãos. Enquanto a mãe estava na roça, Antonia cuidava da casa e dos irmãos mais novos. Talvez isso explique o fato de Dona Antonia, como é conhecida entre os colegas, ser uma mãezona para todos os que trabalham no Centro de Excelência. Ela é aquela que oferece chá quando vê um colega resfriado, leva um lanchinho para uma colega grávida e até traz para todos a cebolinha que produz em sua chácara para consumo próprio e para os colegas.
Dona Antonia veio para Brasília em 1993, com 25 anos de idade, para ajudar a família com uma renda extra. Assim que chegou, foi empregada doméstica por cinco anos. Depois passou a trabalhar em empresas de serviços gerais, sendo terceirizada para outras instituições. Já passou pelo Jornal de Brasília e pela a Embaixada da Itália, por exemplo. E em 2012 começou a trabalhar no Centro de Excelência do WFP.
“Eu gosto muito de trabalhar aqui. É um lugar em que o pessoal valoriza meu trabalho, onde me sinto reconhecida. Sou eu quem abro o escritório todos os dias e as pessoas confiam em mim para isso”, comemora.
A família no nordeste continua trabalhando com agricultura familiar, plantando milho, feijão, arroz, mandioca, amendoim e algodão. Ela conta que na época, a moeda que circulava em sua comunidade era a troca. Para garantir a segurança nutricional da família, o pai oferecia seus serviços capinando e fazendo cercas e recebendo em troca galinhas, carneiros, rapadura, queijo etc.
O marido de Dona Antonia, Cainan, é serralheiro autônomo e juntos eles têm três filhos. O mais velho, Rafael, estudou a vida inteira em escola pública e, atualmente, está cursando Biblioteconomia na UnB. É também monitor em algumas disciplinas e faz estágio no Supremo Tribunal Federal. Os outros dois filhos de D. Antonia são gêmeos. Gabriel e Laura estão no primeiro ano do Ensino Médio, e pretendem ser militares. Todos os três filhos de D. Antonia foram beneficiados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“Para os meus filhos eu bato muito na tecla de que eles têm que estudar, têm que ser alguém na vida, têm que batalhar por eles mesmos. Porque no mercado de trabalho entra quem é qualificado, quem não é acaba ficando pra trás”, enfatiza.
Dona Antonia e seus filhos provam como o estudo e a alimentação escolar podem transformar a vida de uma família. Sendo filha de agricultores familiares que plantam algodão consorciado com outras culturas, a família de Dona Antonia mostra a importância do Projeto Além do Algodão, desenvolvido pelo Centro, que visa a melhorar a renda e a segurança alimentar e nutricional dos agricultores familiares.