© WFP/Caroline Melo
Nesta semana, entre os dias 30 de setembro e 04 de outubro, uma delegação de 11 pessoas da República de Cameroun veio a Brasília para conhecer mais sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Dentre os principais pontos da agenda estiveram entender como funciona a alimentação escolar com compras locais e o programa de cisternas do governo federal.
A visita focou em questões como os mecanismos de financiamento do PNAE, a implementação do programa e os modelos utilizados no Brasil, aspectos nutricionais, mecanismos de gerenciamento e mobilização de recursos, além de como funcionam as estruturas institucionais e legais do programa.
Para Oyono Adams Daniel, Secretário Geral do Ministério da Educação Básica da República de Cameroun, a visita é uma chance de aprender com o modelo brasileiro. “O governo do Brasil tem um dos melhores resultados do mundo em relação à alimentação escolar e essa é a razão pela qual o governo de Camarões nos colocou nessa missão”, afirmou.
A programação de visitas técnicas deu à delegação oportunidade de conhecer entidades governamentais como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), além de participar de uma reunião com representantes do programa Cisternas do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com a presença do Ministro Wellington Dias, para falar sobre gestão de recursos hídricos e sua relação com segurança alimentar e nutricional. Em uma apresentação do Banco Mundial, foi apresentado também à delegação a ferramenta healthy saber, de análise de programas de alimentação escolar.
Para o Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, Daniel Balaban, a Cooperação Sul-Sul é uma ferramenta essencial para vencer a fome e a insegurança alimentar no mundo. “É muito importante que nós trabalhemos para que nossos países, em conjunto, vençam esse fantasma da insegurança alimentar e nutricional”, disse Daniel durante a abertura da missão.
A visita foi organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Visitas de campo
Durante toda a missão, a delegação pode fazer diversas visitas de campo e conhecer de perto como funciona desde o plantio e a compra de alimentos locais até como acontece a gestão e oferta das refeições escolares nas escolas.
A primeira visita foi à Associação dos Agricultores Familiares da Eco Comunidade do Assentamento 15 de Agosto (AFECA), onde a delegação conheceu a propriedade rural e os agricultores e conversou sobre aspectos inerentes ao fornecimento de alimentos orgânicos e não orgânicos para o PNAE. Em seguida, a delegação conheceu de perto uma família beneficiada pelo Programa Cisternas do governo federal, no assentamento Estrela da Lua, em São Sebastião, no Distrito Federal.
Além disso, eles também foram a duas escolas localizadas no Gama: uma escola rural, a CED Engenho das Lages, e uma escola urbana, a CED 08. Em ambas as escolas, a delegação se encontrou com a direção do estabelecimento de ensino, participou da hora do lanche das crianças, conheceu as cozinhas e armazéns de alimentos e teve chance de tirar dúvidas relacionadas à implementação da alimentação escolar diretamente com o corpo técnico da escola.
WFP, alimentação escolar e a República de Cameroun
Desde 1973, Cameroun passou a receber assistência do Programa Mundial de Alimentos (WFP) em diversas áreas, incluindo alimentação escolar, nutrição, saúde, assuntos sociais, silvicultura e agricultura, além de apoiar em planos de desenvolvimento econômico e em emergências, como a acolhida de refugiados e auxílio a vítimas de secas e inundações.
Localizado na África Central, o país se tornou independente em 1960 e atende mais de 5 milhões de alunos no ensino fundamental. 73% desses alunos estão em escolas públicas e 58,4% estão em áreas rurais. Afim de aprimorar seu programa de alimentação escolar, o governo pretende investir na aprovação de documento de estratégia da alimentação escolar, na implementação do programa e na elaboração de um plano de financiamento e advocacy.
Segundo o Diretor de País do WFP em Cameroun, Gianluca Fererra, apesar do longo histórico do país com seu programa de alimentação escolar, o programa sempre permaneceu em uma escala pequena. “O WFP vem construindo fortes iniciativas com o governo para melhorar o programa, organizando uma série de visitas de estudos a países como a China e Egito para conhecer diferentes experiências em alimentação escolar. Porém, essa visita ao Brasil para nós é crítica. O Brasil tem o maior programa de alimentação escolar baseado em compras locais do mundo”, afirmou.