A comemoração do Dia das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul em 2024 pelas RBAs apresentou a colaboração entre o Brasil e as RBAs como um exemplo poderoso de um modelo robusto e inovador de colaboração internacional com foco na redução da pobreza, nutrição e segurança alimentar.
O Dia da ONU para a Cooperação Sul-Sul, celebrado anualmente em 12 de setembro, destaca a importância das parcerias desenvolvidas entre países do Sul Global. As Agências de Roma (RBAs) da Organização das Nações Unidas — a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP) — se reuniram esta semana no Brasil, sob a égide da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), para refletir sobre essa agenda.
A Cooperação Sul-Sul Trilateral (TSSC), promovida pelas RBAs junto com países em desenvolvimento, baseia-se na troca de conhecimentos, experiências, tecnologias e recursos. Respeitando os princípios de soberania nacional, igualdade e não-condicionalidade, as agências atuam como catalisadores para unir sinergias, soluções e habilidades dos países do Sul Global. Esse esforço colaborativo contribui para avançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente ODS 1 (Erradicação da Pobreza), ODS 2 (Fome Zero) e ODS 17 (Parcerias).
Para celebrar a evolução dessas parcerias, o Brasil, que é uma referência global em Cooperação Sul-Sul, sediou a celebração em 10 de setembro na capital, Brasília. O evento, organizado sob o tema “Parceiros globais, ações locais: Fortalecendo a nutrição e a segurança alimentar através da Cooperação Sul-Sul Trilateral”, reafirmou a colaboração entre as agências da ONU e o Governo Brasileiro.
Mario Lubetkin, Diretor-Geral Adjunto e Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, que abriu o evento, destacou o papel do Brasil na Cooperação Sul-Sul e Triangular, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento agrícola global, impulsionando a transformação dos sistemas agroalimentares e respondendo à necessidade de soluções sustentáveis.
“A colaboração entre as agências com sede em Roma é essencial para apoiar os países na redução da fome e da pobreza em nível global. O Brasil tem sido uma força-chave na promoção da cooperação regional na América Latina e no Caribe, fortalecendo vínculos e fomentando um bloco unificado que representa o Sul Global. Essa liderança é exemplificada pela Aliança Contra a Fome, lançada durante sua presidência do G20, que desempenhou um papel fundamental no combate à insegurança alimentar e na melhoria dos esforços regionais para combater a fome”, comentou Lubetkin.
A Sra. Dima Al-Khatib, Diretora do Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC), também refletiu sobre os notáveis avanços alcançados por meio desse modelo de cooperação.
Ela afirmou: “Em todo o mundo em desenvolvimento, estamos testemunhando avanços notáveis em construção de resiliência, inovação e colaboração. Esses resultados demonstram que, ao mobilizar a solidariedade internacional e forjar parcerias globais por meio da cooperação Sul-Sul e triangular, podemos acelerar a realização dos ODS.”
A Embaixadora Maria Laura da Rocha, Ministra de Estado interina das Relações Exteriores do Brasil, destacou que a Cooperação Sul-Sul brasileira tem produzido resultados concretos devido a práticas que enfatizam a apropriação local das iniciativas de cooperação, o fortalecimento das capacidades no terreno e a promoção de avanços estruturais no desenvolvimento sustentável. “A cooperação Sul-Sul brasileira, em todas as áreas em que opera, é caracterizada pelo diálogo e gestão compartilhada entre os parceiros, com o envolvimento direto e ativo das instituições cooperantes ao longo do processo”, explicou.
A celebração reuniu representantes importantes das Nações Unidas, instituições governamentais brasileiras e as Embaixadas do Quênia e da Guatemala no Brasil, que expressaram sua disposição para fortalecer a participação de seus países em novas iniciativas de Cooperação Sul-Sul. Os participantes refletiram sobre 15 anos de colaboração bem-sucedida entre o Brasil e as agências e sobre as perspectivas para construir novas parcerias no futuro, com foco em Alimentação Escolar e Agricultura Familiar.
Segundo o Sr. Arnoud Hameleers, Diretor do FIDA para o Brasil e Chefe do Centro de Cooperação Sul-Sul e Conhecimento, o tema escolhido para a celebração não é meramente um slogan, mas um chamado à ação. Um chamado para aprofundar as parcerias que conectam continentes, organizações e, mais importante, as pessoas que servimos. Ele acrescentou que “o sucesso do programa demonstrará que, quando mobilizamos a vontade política, investimos nas pessoas e fortalecemos os sistemas locais, podemos nutrir gerações inteiras.”
O Sr. Stanlake Samkange, Diretor da Divisão de Parcerias Multilaterais e de Países Programáticos do WFP, indicou que “desde o estabelecimento do Centro de Excelência contra a Fome do WFP em Brasília em 2011, ele permitiu que mais de 70 países melhorassem e expandissem seus programas nacionais de alimentação escolar aprendendo com a experiência e expertise do Brasil. Essa parceria bem-sucedida também inspirou outros países a criar mecanismos semelhantes para fomentar a Cooperação Sul-Sul.”
“O Programa Conjunto sobre alimentação escolar e agricultura familiar que hoje marca um marco crítico na colaboração do Brasil com as Agências da ONU com sede em Roma, estabelecendo uma nova modalidade de trabalho para melhorar a eficiência e alcançar impactos ampliados. Não só o Programa terá um impacto duradouro nos países piloto, Quênia e Guatemala, mas as lições aprendidas podem ajudar a expandir ainda mais este Programa para mais países”, acrescentou.
Entre os convidados estavam a presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Fernanda Pacobahyba, a Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Fernanda Machiavelli, e o Assessor Especial para Assuntos Internacionais do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) do Brasil, Renato Domith Godinho.
A celebração de 2024 do RBA pelo Dia da ONU para a Cooperação Sul-Sul não apenas comemorou conquistas passadas, mas também avançou compromissos estratégicos compartilhados, como o potencial programa conjunto RBAs/ABC para apoiar programas nacionais de alimentação escolar e agricultura familiar. Demonstrou um modelo robusto e inovador de colaboração internacional focado na redução da pobreza, nutrição e segurança alimentar.
A colaboração entre o Brasil e as RBAs serve como um poderoso exemplo de como a Cooperação Sul-Sul Trilateral pode criar sinergias que beneficiam tanto a educação quanto a agricultura local, fortalecendo, em última análise, as capacidades nacionais e impulsionando o desenvolvimento sustentável em todo o Sul Global.