Este ano marca o início da Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. É um período crítico para expandirmos uma visão compartilhada e acelerar as respostas aos desafios mais graves do mundo. Em pouco tempo, no entanto, o avanço da COVID-19 transformou uma emergência de saúde pública em uma das mais graves crises internacionais desta geração, mudando o mundo como o conhecemos. O Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2020, lançado em 7 de julho, apresenta uma visão geral do avanço em direção aos ODS antes do início da pandemia, mas também analisa alguns dos impactos devastadores da COVID-19 nas metas e objetivos específicos.
O relatório aponta que erradicar a fome e alcançar a segurança alimentar (ODS 2) continua sendo um desafio, especialmente durante a pandemia. No nível global, a fome e a insegurança alimentar têm aumentado e a desnutrição ainda afeta milhões de crianças. É provável que a situação piore devido a desacelerações econômicas e interrupções causadas por uma recessão em decorrência da pandemia. Para mitigar as ameaças impostas pela pandemia às populações vulneráveis, os países precisam tomar medidas imediatas para manter o comércio fluindo, fortalecer as cadeias de suprimento de alimentos e aumentar a produção agrícola.
A múltipla carga da má-nutrição
A erradicação da fome não garantirá que todos tenham acesso a alimentos nutritivos suficientes. Estima-se que 26,4% da população global – cerca de 2 bilhões de pessoas – foram afetadas por insegurança alimentar moderada ou grave em 2018, um aumento em relação a 23,2% em 2014. Pessoas que sofrem de insegurança alimentar moderada geralmente não conseguem ingerir uma dieta saudável e equilibrada regularmente devido a restrições de renda ou outros recursos. Aqueles em insegurança alimentar grave – cerca de 700 milhões de pessoas – tendem a ficar sem comida e, na pior das hipóteses, passam um dia ou mais sem comer. O aumento recente da insegurança alimentar deveu-se principalmente ao agravamento da situação na África Subsaariana e na América Latina.
A incidência de excesso de peso em crianças pequenas também está aumentando. O sobrepeso infantil é reconhecido como um problema global de saúde pública devido à sua influência perniciosa na incidência de doenças agudas e crônicas, desenvolvimento saudável e produtividade econômica de indivíduos e sociedades. Em 2019, 5,6% (ou 38 milhões) de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo estavam acima do peso. A atual prevalência global representa um nível médio de gravidade, sinalizando que ações preventivas com populações mais jovens são urgentemente necessárias.
O excesso de peso e o baixo peso em relação à estatura (conhecido como wasting) coexistem frequentemente em uma dada população e são conhecidos como a múltipla carga da má-nutrição. Saiba mais sobre a parceria entre o Centro de Excelência contra a Fome do WFP, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Ministério da Saúde para combater a múltipla carga da má-nutrição aqui >>
Agricultores familiares
Os pequenos agricultores desempenham um papel crítico na produção de alimentos em todo o mundo, embora rotineiramente enfrentem dificuldades para acessar terras e outros recursos produtivos, além de informações, serviços financeiros, mercados e oportunidades. Dados mostram que a participação de pequenos produtores no total da produção de alimentos na África, Ásia e América Latina varia de 40% a 85%. No entanto, sua produtividade é sistematicamente menor, em média, do que a dos produtores em larga escala e, na maioria dos países, sua renda é menos da metade em comparação à renda dos grandes produtores.
As medidas de isolamento para impedir a disseminação do coronavírus fizeram com que as empresas e os mercados locais fechassem, e os pequenos produtores de alimentos geralmente não têm permissão para levar seus produtos aos consumidores. Saiba mais sobre como a parceria entre o Centro de Excelência do WFP, ABC e Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) pode contribuir para a subsistência dos pequenos agricultores aqui >>
Sobre o relatório
O Relatório ODS 2020 foi preparado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas em colaboração com mais de 200 especialistas de mais de 40 agências internacionais, usando os dados e estimativas mais recentes disponíveis.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi lançada em 2015 para acabar com a pobreza e colocar o mundo em um caminho de paz, prosperidade e oportunidade para todos em um planeta saudável. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável exigem nada menos que uma transformação dos sistemas financeiro, econômico e político que governam nossas sociedades hoje para garantir os direitos humanos de todos.
Clique aqui para baixar o relatório completo (em inglês)