A pandemia da Covid-19 acelerou processo da insegurança alimentar e nutricional, que já vinha se deteriorando em várias regiões do mundo. Segundo Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, os países precisam agora criar políticas públicas emergenciais para que o número de pessoas em insegurança alimentar e nutricional não cresça mais. Um agravante é a dificuldade que pessoas com empregos informais têm de encontrar outra forma de renda, o que tem impacto significativo no acesso a alimentos. “Agora é o momento de salvar vidas, é importante que o estado adote políticas públicas como renda básica”, disse Daniel Balaban.
Daniel Balaban e Rafael Zavala, Representante da FAO no Brasil, discutiram possíveis soluções para os riscos que a pandemia da Covid-19 traz à segurança alimentar e nutricional em uma live promovida pela editora Colli Books no sábado 20 de junho. O evento também teve participação de Flávia Cordeiro, nutricionista responsável técnica na Secretaria Municipal de Educação de Bom Jardim (RJ), e Najla Veloso, coordenadora regional de alimentação escolar para América Latina e Caribe da FAO.
Em sua participação, Daniel Balaban lembrou que o Brasil já avançou bastante na estruturação de políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “O Brasil é um país que tem instituições bem fortes e conseguiu organizar os sistemas ao longo dos anos. Hoje, com a crise, alguns setores não estão conseguindo continuar”, alertou. Ele lembrou que os pequenos agricultores familiares são o coração da produção brasileira de alimentos: 70% do que é consumido no país vem dessa modalidade de produção. Mas, por conta da pandemia, os agricultores têm tido dificuldade de comercializar produtos. A decisão do governo federal de autorizar a continuidade das compras da agricultura familiar para abastecer escolas é considerada uma importante medida para garantir a demanda por essa produção.
Montagem de kits de alimentação escolar na escola municipal José Luís Erthal, em Bom Jardim (RJ). Foto: Márcia Costa.
Alimentação escolar: o exemplo de Bom Jardim
Flávia Cordeiro, nutricionista responsável técnica na Secretaria Municipal de Educação de Bom Jardim (RJ), compartilhou a experiência do município na compra e entrega dos kits de alimentos aos quase dois mil alunos matriculados nas escolas José Luís Erthal e Washington Emerich. O trabalho, coordenado em conjunto com a secretária de educação Grasiele Beltrão e a nutricionista Márcia Costa, mobilizou 16 agricultores familiares da região para montagem dos kits com cerca de 18 itens. Os alimentos foram transportados por uma caminhonete e dois ônibus escolares para que as duas escolas recebessem os alimentos no mesmo dia. “Na montagem dos kits, respeitamos a composição nutricional, incluindo frutas, vegetais, hortaliças e alimentos artesanais”, disse Flávia.
O contato com os pais era feito por telefone e WhatsApp e um cronograma de entrega foi montado para evitar aglomeração. “Também preparamos um termo de entrega com informações sobe higienização, limpeza e conservação dos alimentos, além de orientações para higienização dos kits não perecíveis e higienização das mãos”.
A live “Segurança Alimentar e Agenda 2030 em Tempos de Covid-19” teve apresentação e mediação da escritora e jornalista Isa Colli, com apoio das jornalistas Tais Faccioli e Eliane de Santos.
Clique aqui para assistir a Live