Com a pandemia, pelo menos 310 milhões de crianças em idade escolar estão sem receber refeições em 162 países. O impacto do fechamento das escolas evidenciou a importância de programas de alimentação escolar, que fornecem uma rede de segurança crucial e abrangente que apoia as crianças vulneráveis e suas famílias. Muitos países de baixa e média renda estão adaptando seus programas para continuar apoiando crianças durante o fechamento das escolas e em breve concentrarão seus esforços na reabertura e retomada das aulas. A cooperação Sul-Sul, como meio de troca de conhecimento e assistência técnica, pode contribuir para a adaptação e resiliência do programa no processo de reabertura de escolas. Para discutir esses temas, um webinar realizado em 21 de julho reuniu especialistas que analisaram o cenário global atual e o futuro dos programas de alimentação escolar.
O evento foi organizado pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP) e pelo Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC), e realizado pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG). Em suas observações iniciais, Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil e moderador da sessão, apresentou uma visão geral de como o WFP está ajudando os governos a fortalecer suas capacidades para administrar programas nacionais de alimentação escolar e o papel central desempenhado pela cooperação Sul-Sul. Ele também falou sobre como o trabalho do WFP teve que se adaptar para responder aos novos desafios impostos pela pandemia. “No cenário em que vivemos, devemos continuar, ao mesmo tempo, a apoiar os mais vulneráveis e começar a pensar em como preparar nossos programas para a próxima crise, seja financeira ou uma segunda onda da pandemia ”, afirmou.
Cooperação e novas soluções
A apresentação de abertura foi de Jorge Chediek, diretor do UNOSSC. Ele destacou a importância de crianças terem acesso a refeições adequadas e nutritivas durante a crise da Covid-19. Ele argumentou, também, que as cadeias de suprimentos estão sendo afetadas pela pandemia e isso pode ter impactos de longo prazo na segurança alimentar em todo o mundo. “Os produtores estão enfrentando grandes perdas de alimentos perecíveis e nutritivos, à medida que as cadeias de suprimentos são interrompidas e também os padrões de consumo mudam”, disse ele. Jorge Chediek também mencionou alguns exemplos de países que estão adaptando seus programas para responder à crise atual e ressaltou a importância de compartilhar essas experiências bem-sucedidas por meio da cooperação Sul-Sul e trilateral.
Depois foi a vez de Carmen Burbano, Diretora de Serviços Escolares do WFP, descrever a importância dos programas de alimentação escolar em regiões pobres e vulneráveis. Ela também falou da a importância da aquisição de ingredientes produzidos localmente para a preparação dessas refeições. Além de promover uma dieta mais saudável, a compra local também gera vantagens aos pequenos agricultores. Carmen Burbano também mencionou soluções que estão sendo implementadas pelos países em resposta à nova situação. Exemplos dessas novas maneiras de garantir que as crianças continuem recebendo refeições adequadas incluem assistência com cupons de alimentos, entrega de cestas, vouchers de supermercado e transferência de dinheiro.
Experiências dos países
A segunda parte do webinar foi focada nas experiências de países, com apresentações de Moçambique, Colômbia e Camboja. Pedro Mortara, Oficial de Programas do WFP Moçambique, explicou que o escritório do país estabeleceu parcerias com as autoridades locais para apoiar as famílias afetadas pelo fechamento das escolas. As aulas em todo o país foram suspensas em março e ainda não há planos de retomada. Ele destacou a importância das cestas de alimentos, uma solução que já havia sido usada após o ciclone Idai em 2019. Agora, essa nova solução está atendendo 41.000 crianças em 104 escolas na província de Tete.
A experiência da Colômbia foi apresentada a seguir, durante a fala de Juan Carlos Martinez, Ministro da Educação do país. As escolas também foram fechadas em março e, desde então, o país vem adaptando os programas nacionais de alimentação escolar para continuar a ajudar as crianças, com ações que incluem suplementos alimentares, cestas e cupons de alimentos. As operações de distribuição são adaptadas para cada região e cada entrega inclui recomendações sobre alimentação saudável e higienização.
Para encerrar a sessão, Chhun Ramy, do Ministério da Educação, Juventude e Esportes do Camboja, compartilhou a experiência de seu país em garantir a continuidade dos três programas de alimentação escolar do país. Como as aulas foram suspensas, as refeições começaram a ser distribuídas. Quando os alunos começarem a voltar gradualmente para a escola, as cestas de alimentos continuarão disponíveis para os alunos que ficarem em casa.
Clique aqui para assistir ao webinar completo e aqui para acessar a apresentação dos slides (apresentações em inglês e espanhol).