A Namíbia está preparando 6º Plano Nacional de Desenvolvimento e planejando a transição da alimentação escolar atual para um programa de alimentação escolar vinculada à agricultura local (Home-Grown School Feeding – HGSF). O WFP na Namíbia está apoiando as partes interessadas no desenho de programas que fortaleçam os sistemas alimentares e convidou a academia e os governos nacional e subnacional para participarem da reunião de revisão trimestral de 2021, que ocorreu na região do Zambezi. Como parte do mandato do Centro de Excelência contra a Fome do WFP, um grupo de especialistas do Centro participou de uma sessão on-line com a Namíbia na quarta-feira, 28 de abril de 2021, para discutir mecanismos de transformação das economias rurais com base na experiência brasileira. Os participantes desse encontro incluíram: a equipe do WFP Namíbia; o Ministério da Educação, Artes e Cultura; o escritório do Primeiro-Ministro; representantes de agências-irmãs da ONU (FAO e UNFPA); e funcionários sêniores de três governos regionais. Além disso, 17 jovens profissionais que trabalham na Universidade de Ciência e Tecnologia da Namíbia (NUST) participaram atividade.
O encontro entre o WFP Namíbia e o Centro de Excelência do WFP no Brasil teve como objetivo apresentar como a alimentação escolar vinculada à agricultura local contribui para a transformação rural usando o modelo brasileiro. A sessão também destacou o papel da HGSF como catalisadora da produção da agricultura familiar e outros resultados, incluindo em educação e nutrição. A sessão foi parte de uma semana de eventos na região do Zambezi, que incluiu um exercício de revisão trimestral e um dia de feira do agricultor destinado a promover e expor os agricultores familiares a oportunidades de aprendizagem e potenciais mercados. Representando o Centro de Excelência do WFP estavam Sharon Freitas, Chefe de Programas; Igor Carneiro, Oficial Sênior de Programas; Joelcio Carvalho, Oficial de Projetos; e Vinicius Limongi, Assistente de Programas.
“Os desafios envolvidos na implementação de um programa de alimentação escolar em um país tão grande como o Brasil podem servir de inspiração para outras nações”, diz Sharon Freitas. A HGSF representa um amplo sistema de instituições, possibilidades de financiamento, parceiros e processos de planejamento que vão muito além de simplesmente cultivar hortas escolares ou comprar alimentos frescos de agricultores locais. “A Namíbia está transformando seu programa de alimentação escolar tradicional em um modelo vinculado à agricultura local, e acreditamos que a experiência brasileira ao longo das últimas décadas pode ajudar o país a ultrapassar muitos desafios nesse processo”, disse Igor Carneiro no início da sessão. “O Brasil conseguiu tirar milhões de pessoas da pobreza extrema com essa abordagem e acreditamos que ela também possa ajudar a Namíbia”.
Joelcio Carvalho foi o primeiro a apresentar. Ele destacou a importância da ligação entre a agricultura local e programas de alimentação escolar e descreveu a jornada brasileira com a HGSF, especialmente a norma que exige que 30% das compras de alimentos para a alimentação escolar venham de agricultores familiares. Isso significa que as refeições escolares podem ser mais equilibradas, nutritivas e conter alimentos mais frescos. Além disso, também permite que as escolas escolham o que querem comprar por um preço melhor, e os agricultores podem receber um pagamento mais justo, uma vez que não há intermediários no processo.
Em seguida, Vinicius Limongi detalhou como as políticas públicas implementadas no Brasil ao longo dos anos ajudaram a moldar o Programa Nacional de Alimentação Escolar brasileiro, conhecido como PNAE. Ele explicou a jornada brasileira de inclusão de agricultores em políticas públicas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Programa Cisternas. Ele também destacou algumas das principais características do PNAE, como padrões nutricionais, priorização de cadeias logísticas mais curtas e a participação de nutricionistas no processo de elaboração de cardápios. Além disso, o PNAE também determina que os cardápios devem respeitar os hábitos alimentares locais. “Cozinheiras, diretoras de escolas e nutricionistas recebem treinamento para estarem prontos para cumprir esses objetivos, o que acaba por beneficiar a nutrição das crianças”, disse Vinicius Limongi.
Após essa sessão, equipes técnicas do Centro de Excelência do WFP continuarão a colaborar com o WFP na Namíbia e representantes do governo local para apoiar a concepção de programas e políticas no país para fortalecer a abordagem dos sistemas alimentares. Com a assistência do Centro de Excelência, o WFP na Namíbia está procurando se beneficiar dos ganhos que o Brasil tem conquistado ao longo dos anos na transformação de seu setor agrícola, tirar lições do modelo do programa de alimentação escolar vinculada à agricultura local e se engajar em um exercício de Cooperação Sul-Sul que permitirá o intercâmbio de conhecimento em várias áreas.
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