Na terça-feira, 12 de março, uma delegação britânica, composta pela Embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq, pelo Segundo Subsecretário Permanente do Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO), Nick Dyer, e por funcionários da embaixada visitaram a Escola Classe 66, que fica na comunidade do Sol Nascente, Distrito Federal, para saber como funciona o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na prática e entender, principalmente, a conexão com a agricultura familiar.
Durante a visita, promovida com apoio do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) no Brasil e do Governo do Distrito Federal (GDF), a delegação pode acompanhar como são armazenados, preparados e servidos os alimentos e elaborados os cardápios da alimentação escolar. A delegação britânica acompanhou o lanche das crianças e conheceu a sala de leitura e a horta, onde são desenvolvidas atividades de educação alimentar e nutricional.
A embaixadora ressaltou a vasta experiência que o governo brasileiro e o Centro de Excelência têm em ofertar para outros países boas práticas em alimentação escolar e o impacto disso para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável. “Esse tipo de visita é importante para entender mais do trabalho do governo do Brasil e do Centro de Excelência do WFP, principalmente sobre o impacto desse tipo de programa na vida das crianças aqui no Brasil. Para nós, é essencial entender mais sobre esse tipo de programa para levar as melhores práticas para outras partes do mundo”, afirmou Stephanie.
A Escola Classe 66 está em atividade desde 2009 e atende cerca de 1300 alunos entre 4 e 11 anos de idade. Os alunos são majoritariamente da comunidade do Sol Nascente e recebem duas refeições na escola que complementam a alimentação feita em casa. Estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), alguns pais de alunos dos turnos regulares, também jantam no estabelecimento.
Os alimentos são preparados por uma equipe de 8 merendeiras contratadas, e o cardápio é elaborado por profissionais de nutrição. As refeições utilizam produtos da agricultura local, como frutas, hortaliças e feijão.As compras de pequenos produtores, realizadas de acordo com as recomendações do PNAE e complementadas por compras feitas pelo GDF, incluem orgânicos e envolvem chamadas públicas a associações e cooperativas de produtores.
O Subsecretário Nick Dyer ressaltou que a intenção do governo britânico é trabalhar com o Brasil na perspectiva de Cooperação Sul Sul e Trilateral e menos em atividades de desenvolvimento dentro do território brasileiro. “Há diversas histórias de grande sucesso no Brasil e a pergunta é “como podemos aprender as lições do Brasil e replicá-las em outros lugares?”, e é isso que espero que a cooperação trilateral possa fazer”, disse Dyer.
O Subsecretário Nick Dyer foi diretor-geral para Assuntos Humanitários e Desenvolvimento do FCDO entre 2022 e 2023, primeiro Enviado Especial para o Combate à Fome e Assuntos Humanitários (2020), Secretário Permanente Interino do Department for International Development (DFID, também em 2020) do Reino Unido. Dyer está em visita oficial ao Brasil para conhecer mais sobre as pautas de desenvolvimento social e mudança do clima, incluindo combate à fome e cooperação trilateral, no âmbito das reuniões preparatórias para o G20.
Centro de Excelência e a parceria com o Reino Unido
O Centro de Excelência contra a Fome tem histórico de sólida parceria com o Reino Unido. Entre 2012 e 2017, o Centro de Excelência e o DFID, antiga agência de cooperação britânica, executaram projetos de cooperação Sul-Sul com países parceiros no continente africano nas áreas de segurança alimentar e nutricional, proteção social e assistência técnica a agricultores familiares. Em 2018, o DFID organizou missão ao Brasil e teve contato com produtores locais integrados ao PNAE. No ano seguinte, a parceria entre o Centro e o Reino Unido resultou em um seminário internacional em Moçambique sobre sistemas agrícolas sustentáveis e inclusivos.
Para o Diretor do Centro de Excelência, Daniel Balaban, a retomada do diálogo abre novas possibilidades de colaboração com o Reino Unido, por exemplo, através do compartilhamento de experiências exitosas do Brasil em segurança alimentar e nutricional e combate à fome com outros países em desenvolvimento.
“A experiência brasileira com a alimentação escolar é um exemplo para o mundo. O PNAE alimenta todos os dias cerca de 40 milhões de estudantes da educação básica pública em, aproximadamente, 150 mil escolas do país. E ainda faz isso comprando produtos da agricultura familiar local. Poder cooperar com outros países e mostrar a experiência brasileira enriquece ainda mais as políticas de alimentação escolar e fortalece os mecanismos de combate à fome no Brasil e no mundo”, afirma Balaban.