Entre os dias 21 e 28 de março, é realizada a Semana da Solidariedade com os Povos em Luta contra a Discriminação e o Racismo com intuito de dar visibilidade ao enfrentamento às diferentes formas de discriminação racial contra povos no mundo todo, sobretudo aqueles que tem os direitos humanos negligenciados pela cor da pele ou etnia. A discriminação e o racismo também impactam no acesso a alimentos saudáveis e a uma dieta equilibrada.
De acordo com dados do último Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), uma proporção muito maior da população da África enfrenta a fome em comparação com as outras regiões do mundo – quase 20% em comparação com 8,5% na Ásia, 6,5% na América Latina e Caribe e 7,0% na Oceania.
A data foi instituída pelas Nações Unidas (ONU) em decorrência do episódio do dia 21 de março de 1960, quando a população negra da África do Sul realizou um protesto pacífico reivindicando a obrigatoriedade da Lei de Passe, a qual exigia, dentro do regime Apartheid, que negros e negras portassem uma caderneta que viabilizasse o trânsito em locais específicos, como forma de controle do Estado. Durante a manifestação participantes estavam sem a caderneta com o objetivo de serem massivamente presos e constranger as instituições administrativas. 69 pessoas foram mortas e outras ficaram feridas nesse dia.
Embora a forma de expressão do racismo à época tenha sido por meio da violência, com passar do tempo observa-se que existem diferentes formas de manifestação de racismo na sociedade. O Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, relatou no último dia 21, que marca o O Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, que o racismo impacta diferentemente comunidades, nega dignidade e viola direitos. O direito humano à alimentação adequada pode ser visto como uma negação a grupos, sobretudo a comunidade negra.
“Os afrodescendentes enfrentam uma história única de racismo sistêmico e institucionalizado e desafios profundos atualmente. Precisamos reagir a essa realidade, aprendendo e aproveitando a incansável defesa dos afrodescendentes. Isso inclui o avanço de políticas e outras medidas por parte dos governos para eliminar o racismo”, afirmou Guterres em um discurso oficial.
Portanto, promover o acesso a alimentação saudável e adequada, à água potável e educação de qualidade é uma das formas de pavimentar o caminho pela igualdade racial. Neste contexto, o projeto Além do Algodão, uma iniciativa conjunta do Centro de Excelência e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com apoio do Instituto Brasileiro do Algodão
também fortalece a luta contra discriminação e o racismo por meio da promoção do acesso a alimentação saudável e adequada e melhoria da renda em três países africanos: Moçambique, Benin e Tanzânia.
Um dos objetivos do projeto é auxiliar na segurança alimentar e nutricional de agricultores familiares africanos, a partir da produção de excedentes e comercialização para alimentação escolar de alimentos consorciados ao algodão, tais como milho, feijão, sorgo e mapira. As atividades desenvolvidas no Benim, Moçambique e Tanzânia, além de promover a melhoria de renda dos agricultores familiares, colaboram para maior ingestão de alimentos saudáveis pelas crianças o que, consequentemente, melhora o desenvolvimento educacional, promovendo uma educação mais justa e igualitária. Saiba mais sobre o projeto aqui.