
Após cinco dias de intensas atividades, a missão técnica de representantes do governo de Benim ao Brasil foi encerrada nesta sexta-feira (30), em Brasília. A visita faz parte do Projeto Além do Algodão, promovido no âmbito da Cooperação Sul-Sul trilateral entre Brasil, Benim e o Programa Mundial de Alimentos (WFP), com apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil.
A programação da missão envolveu visitas técnicas a escolas, unidades de saúde, assentamentos de agricultores familiares e reuniões com autoridades dos ministérios da Educação, Agricultura, Saúde e Desenvolvimento Social. O objetivo foi aprofundar o intercâmbio de experiências sobre políticas públicas brasileiras voltadas à alimentação escolar, agricultura familiar e segurança alimentar e nutricional.
Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome, destacou o papel da parceria internacional: “No momento em que o Brasil está cooperando com o Benim no Projeto Além do Algodâo, o Brasil está crescendo junto. Cooperar é uma via de mão dupla para promover soluções sustentáveis e adaptadas à realidade local, fortalecendo a produção de alimentos e o direito à alimentação”, afirmou.
O modelo do Programa Nacional de Alimentação Escolar foi apresentado à delegação do Benim por Daniel Baldoni, coordenador de segurança alimentar e nutricional do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação(FNDE).
Ele ressaltou que o Programa Nacional de Alimentação Escolar é estratégico porque integra educação alimentar e nutricional com a agricultura familiar. “É um modelo em que os estudantes têm acesso à alimentação adequada; as escolas recebem produtos locais e frescos; e os agricultores passam a ter uma renda mais estável, contribuindo para a economia nas comunidades onde vivem.”
Para Dominique Dedegbe, representante do Ministério da Agricultura de Benim, o Projeto Além do Algodão trouxe mudanças estruturais para muito satores envolvidos: “Tivemos muitos avanços na nossa forma de plantar algodão com culturas consorciadas de alimentos, fornecidos para a alimentação escolar. Mas queremos avançar ainda mais nesse sentido.”
Fousséni Yaro, representante da cooperativa de agricultores da vila de Copargo, também celebrou a experiência: “O Projeto nos abriu os olhos para uma nova forma de plantar. Passamos a produzir mais e melhor, levando em conta as propriedades do solo e a utilização de controle biológico de pragas.”
A analista de projetos da ABC, Riffat Iqbal, destacou os impactos de médio prazo: “Essa missão é um passo importante para que a cooperação técnica continue gerando resultados concretos em Benim e ao mesmo tempo em que fortalece as iniciativas brasileiras nas áreas de alimentação escolar e agricultura familiar, que é o centro das nossas ações de cooperação.”
A missão também contou com apoio técnico da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). A nutricionista Débora Porcina pontuou: “Observamos como temos elementos em comum entre o Brasil e o Benim. Em especial, na Bahia, que tem a influência africana nos ingredientes e nos pratos que preparamos, inclusive para a alimentação escolar. O que ressaltamos é a importância de oferecer variedades no cardápio, contribuindo para o enriquecimento nutricional da alimentação escolar.”
O agrônomo Mario Santos complementou: “A visita ao Sítio Sementes foi uma oportunidade de apresentar no Brasil o que trabalhamos no Benim em agricultura sintrópica, como uma alternativa sustentável de produção para climas tropicais, unindo agrofloresta e agroecologia.”
A missão foi concluída com o diálogo aberto para uma possível continuidade de ações estratégicas para futuras colaborações entre os países.