Na última terça-feira, 9 de agosto, o Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil participou do Food ingredients South America Summit 2022 (FiSA), no painel “Alimentando o Futuro”. O evento é o maior de pesquisa e desenvolvimento da indústria de ingredientes e alimentos da América Latina e aconteceu em São Paulo entre os dias 9 a 11 de agosto.
O painel contou com a participação do Oficial Sênior de Programas e Ponto Focal de Parcerias do Centro de Excelência do WFP, Igor Carneiro; do Representante Adjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Gustavo Chianca; da fundadora e CEO da Connecting Food Brasil, Alcione Silva; da especialista em políticas públicas do The Good Food Institute, Alysson Soares; e da Diretora de Marketing da General Mills Brasil, Priscila Pizano.
A discussão girou em torno de como alimentar a população crescente do mundo que, segundo dados das Nações Unidas (2019), pode chegar a quase 10 bilhões de pessoas em 2060. Os palestrantes abordaram os desafios e próximos passos para que a indústria de alimentos esteja preparada para suprir essa demanda.
Para Igor Carneiro, os maiores desafios em alimentar 10 bilhões de pessoas estão relacionados às mudanças climáticas, à pressão nos sistemas alimentares, à melhor organização da cadeia de alimentos, à urbanização do campo, a maiores gastos com alimentação e ao desperdício.
Uma pessoa precisa, em média, de 1,4 quilo de comida, sem incluir água, por dia para se alimentar. Isso significa que são necessárias cerca de 3,75 bilhões de toneladas de alimentos por ano para alimentar a todos. “No momento, o mundo produz cerca de quatro bilhões de toneladas de alimentos por ano, mas o desperdício em toda a cadeia de abastecimento chega a cerca de 1,35 bilhão de toneladas, desde o plantio até o consumo final”, afirmou.
A ONU estima que restaurar carbono e nutrientes nos 2,2 bilhões de hectares de solo degradado no mundo para cultivo custaria em torno de US$ 300 bilhões. Isso absorveria o equivalente a todas as emissões de carbono do planeta nas próximas duas décadas, conseguindo um tempo precioso para alinhar o resto da economia global à uma pegada-zero. “Se o desperdício do alimento fosse um país, seria o terceiro maior produtor mundial de gases efeito estufa. Precisamos reverter essa tendência urgentemente”, disse Igor Carneiro.
“Só temos um planeta e precisamos agir agora se quisermos deixar um planeta em condições habitáveis, com produção de alimentos suficientes, para nossos filhos e netos”, finalizou.