Consequências socioeconômicas da pandemia podem agravar insegurança alimentar e nutricional no mundo
Uma nova análise do WFP estima que o número de crianças com severa desnutrição poderá aumentar em 20% como resultado da pandemia da COVID-19. As crianças com menos de cinco anos de idade estão especialmente vulneráveis às consequências socioeconômicas da pandemia. A edição deste ano do Global Nutrition Report, relatório anual elaborado por várias agências e organizações independentes, apresenta as desigualdades inerentes à nutrição, sendo a prevalência de stunting (baixa altura por idade) e wasting (baixo peso por altura) mais comumente registrada em comunidades mais pobres.
Analistas do WFP alertam que o vírus pode ter um efeito devastador nos organismos já fragilizados das crianças malnutridas. Ao mesmo tempo, a pandemia também está afetando negativamente as famílias vulneráveis que dependem de remuneração diária ou remessas do exterior. As restrições à movimentação de pessoas e o estabelecimento de lockdowns para conter a pandemia podem colocar a vida dessas pessoas em risco, potencializando ameaças pré-existentes, como sistemas de saúde frágeis e conflitos. Isso faz com que famílias mais pobres tenham dificuldade de adquirir alimentos nutritivos, o que repercute negativamente nos índices da dupla carga da má nutrição, que se caracteriza pela coexistência da desnutrição e da obesidade, além de doenças crônicas não transmissíveis.
Esses impactos podem elevar os índices de insegurança alimentar e nutricional, agravos nutricionais e mortalidade, em especial o coeficiente de mortalidade infantil. Por outro lado, o aumento no consumo domiciliar de alimentos ultraprocessados, a redução dos níveis de atividade física e o aumento do estresse relacionado ao distanciamento social durante essa pandemia podem também resultar em elevação da prevalência dos níveis de sobrepeso e obesidade.
Alimentação saudável na pandemia
Apesar de existirem poucas evidências ou recomendações sobre a ligação entre alimentação e COVID-19, sabe-se que o adequado estado nutricional, consumo alimentar balanceado, hidratação e o bom funcionamento do sistema imunológico contribuem para a recuperação dos indivíduos em situação de doença. Tendo isso em mente, o Ministério da Saúde do Brasil, parceiro do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no projeto para combater a dupla carga da má nutrição, lançou um guia sobre o papel de uma alimentação adequada e saudável durante a pandemia.
O Centro de Excelência do WFP e o Ministério da Saúde do Brasil estão unindo esforços para mitigar os efeitos da pandemia do COVID-19 na segurança alimentar e nutricional das populações por meio de parceria firmada no início do ano.