
Durante a semana de 17 a 21 de março, uma delegação composta de 11 representantes governamentais da África do Sul esteve no Brasil para conhecer e compartilhar aspectos da compra da agricultura familiar para alimentação escolar, com foco na segurança dos alimentos, na frequência dos abastecimentos e no funcionamento multissetorial do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Um dos desafios do país é fortalecer e ampliar a capacidade de agricultores locais, fomentando a criação de cooperativas e fornecendo capacitação para que haja produção segundo a necessidade das escolas.
“Capacidade de produção é um dos nossos desafios. Por exemplo, um produtor local que colhe boa quantidade de batata em um ano, no ano seguinte não tem a mesma produção. Então existe descontinuidade no fornecimento”, afirmou Mpho Putu, diretor adjunto do Departamento de Desenvolvimento Social.
No primeiro dia da visita, a delegação conheceu aspectos gerais do funcionamento do FNDE, apresentados pela coordenadora-geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar, Karine dos Santos. “A alimentação escolar funciona graças ao trabalho conjunto de vários órgãos das áreas da educação, saúde, agricultura, e órgãos de controle para fiscalização da boa execução dos recursos”, afirmou.
O diretor do Centro de Excelência contra a Fome no Brasil, Daniel Balaban, destacou que a África do Sul tem um dos melhores programas de alimentação escolar do continente e, assim como o Brasil, tem seus desafios. “Acredito fortemente que, se cooperamos, vamos nos desenvolver muito mais e promovemos melhorias nos dois países”, disse durante a abertura da visita técnica.
Cleison Duval, presidente do Instituto de Assistência Técnica e Rural (EMATER), destacou a importância das parcerias para que a agricultura familiar chegue nas escolas. “O trabalho conjunto dos programas de extensão rural com a secretaria de educação faz com que frutas, legumes, verduras e raízes sejam fornecidos pelos agricultores familiares para as escolas. Mas essas compras fortalecem a economia como um todo, porque essa demanda permite ao agricultor comprar sementes, adubos, equipamentos, girando a economia do estado”, disse.
Aspectos como os mecanismos de monitoramento e medidas de segurança alimentar e controle de qualidade foram tratados durante a visita, bem como as políticas públicas e programas de fortalecimento da agricultura familiar, o passo a passo do processo de compras, e as diretrizes para elaboração de cardápios.
A agenda incluiu visita à Cooperativa Taquara, de Planaltina, onde puderam ver in loco como funciona a logística de produção e distribuição de alimentos frescos para o PNAE, seguido de visita à Escola Classe Monjolo, onde todos puderam interagir com as crianças e provar o cardápio servido na alimentação escolar, com arroz, feijão preto, peixe ao molho branco, purê de abóbora e salada de repolho. Em seguida, a delegação conheceu a Laticínios Araguaia, fornecedora de muçarela e manteiga para 700 escolas do Distrito Federal.
A visita técnica foi organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, realizada no âmbito da cooperação Sul-Sul do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Governo do Distrito Federal (GDF), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).