Na ocasião do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Centro de Excelência chama a atenção para a questão da raça e os conceitos de desertos e pântanos alimentares. A população negra, historicamente marginalizada e concentrada em territórios periféricos, é uma das mais afetadas por desigualdades alimentares.
Os desertos alimentares são áreas onde há escassez de alimentos frescos e nutritivos, enquanto os pântanos alimentares são regiões com excesso de produtos ultraprocessados e fast food, além de poucas opções saudáveis. Ambos impactam diretamente a saúde e a qualidade de vida das populações que ali vivem.
A falta de acesso a alimentos adequados não é apenas uma questão econômica, mas também um reflexo do racismo estrutural que permeia a organização das cidades e das políticas públicas. Essa realidade contribui para índices mais altos de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, entre pessoas negras.
Um estudo recente realizado no Brasil e publicado na revista internacional BMC Pregnancy and Childbirth com o título “Associação entre ambientes alimentares e crescimento fetal em mulheres grávidas brasileiras”(Association between food environments and fetal growth in pregnant Brazilian women) mostra que mulheres pretas que vivem em áreas com alta presença de produtos ultraprocessados têm cerca de 9% mais chance de terem bebês menores para a idade gestacional, enquanto mulheres pardas apresentam 17% mais chance de ter bebês com baixo peso ao nascer.
Esses dados evidenciam como a desigualdade alimentar, marcada por desertos e pântanos alimentares, está diretamente ligada ao racismo estrutural e impacta a saúde desde a gestação. É preciso que políticas de igualdade racial, por uma perspectiva da alimentação, possam ser feitas para melhorar as condições de todas as pessoas negras no Brasil e no mundo.
Para enfrentar esse cenário, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) lançou a Plataforma Alimenta Cidades, que disponibiliza um mapa georreferenciado dos desertos e pântanos alimentares nos principais municípios brasileiros.
Essa ferramenta apoia políticas públicas para transformar territórios vulneráveis em espaços promotores de alimentação adequada e saudável, priorizando famílias de baixa renda e regiões periféricas.
Além disso, o MDS em parceria com o Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil criaram o AlimentaLAB, uma plataforma onde experiências e boas práticas para fortalecer sistemas alimentares sustentáveis são compartilhadas por meio da cooperação Sul-Sul para enfrentar desafios como fome, pobreza e mudanças climáticas.




