A alimentação escolar regenerativa, com produtos agroecológicos, é o foco de um projeto piloto que a Fundação Rockefeller quer lançar em escolas públicas de três cidades no Brasil, em parceria com o Centro de Excelência contra da Fome do WFP no Brasil, o Instituto Comida do Amanhã, instituições nacionais e o governo brasileiro. Essa proposta foi apresentada em uma série de reuniões realizadas entre os dias 27 e 29 de janeiro, em Brasília.
Para dar início ao projeto, o Diretor de Alimentação da Fundação Rockefeller, Peiman Milani, e seu gerente de programas, Federico Bellone, estiveram no Centro de Excelência, onde apresentaram a proposta e conheceram iniciativas brasileiras.
“O Brasil é uma referência global em alimentação escolar. Mas existem vários Brasis dentro do Brasil. Aqui é um local onde há espaço para evoluir, com a ideia da alimentação escolar agroecológica ou regenerativa. O programa de alimentação escolar passaria a ser um indutor apoiando a transição agroeológica”, disse Peiman.
O projeto piloto deve acontecer em 3 ou 4 municípios de uma mesma zona territorial, com duração entre 3 e 4 anos. “Esta é uma iniciativa a longo prazo, que envolve um consórcio internacional de parceiros que têm em comum a valorização do potencial transformador da alimentação escolar com a agroecologia”, afirmou Peiman.
Além do Brasil, outros dois países terão seus próprios projetos piloto: a Indonésia e o Quênia. A intenção da Fundação Rockefeller é apoiar os países para que coletivamente atinjam mais de 100 milhões de crianças com alimentação escolar, até 2030.
Parceria
O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil participou do desenho da nova iniciativa global da Fundação Rockefeller.
“Já estamos em uma parceria colaborativa. Nos pilotos, queremos que o Centro de Excelência participe com a experiência que tem na área de alimentação escolar e nutrição. Mas igualmente no papel de disseminação, de visibilidade, criando uma ponte para a inovação multimodal. O Brasil tem inovações interessantes. A ideia é o Centro de Excelência evoluir para um hub de informação, ajudando a polinicação cruzada com outros países que querem implementar essas mudanças”, enfatizou Peiman Milani, da Fundação Rochefeller.
Ele acrescentou que a Fundação visualiza a participação do Centro de Excelência na assistência técnica para apoiar cooperativas e produtores na transição.
Para Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, esse trabalho conjunto traz o componente da resiliência climática na questão da produção de alimentos da agricultura familiar fornecida à alimentação escolar.
“Reforçar as práticas agroecológicas na alimentação escolar por meio da colaboração mútua permite que possamos construir um sistema alimentar mais inclusivo e resiliente, promovendo um futuro sustentável para todos”, disse Balaban.
Agricultura regenerativa
A ideia de criar um piloto de alimentação escolar com produtos agroecológicos, consiste em estimular a prática da agricultura regenerativa, que leva em conta os sistemas naturais, como o solo, a biodiversidade, os recursos da água na agricultura local, e que traz benefícios para a saúde humana.
“É um sistema produtivo sustentável e integrado à natureza que permite aos agricultores maior capacidade de adaptação aos eventos climáticos e maior resiliência ao clima, e aos alunos, acesso a uma alimentação mais nutritiva e saudável”, explicou Peiman.
Agenda
A agenda de reuniões organizada pelo Centro de Excelência incluiu encontros com representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fundação Nacional da Saúde, e de instituições voltadas para a agricultura sustentável.
Os próximos passos incluem a definição dos municípios onde os projetos piloto serão implementados. O critério será trabalhar em municípios onde a transição agroecológica é pauta prioritária.
“Vamos aproveitar o momento político, com nova safra de prefeitos. Vamos engajar de 3 a 5 municipalidades para iniciar processo de co-criação do desenho dos pilotos para implementar o projeto a partir de 2026. A intenção é que daqui a 4 anos, os prefeitos tenham resultados concretos a apresentar”, concluiu Peiman.