A desnutrição, em todas as suas formas, já foi compreendida e abordada como um problema de saúde pública, mas a realidade emergente indica que a combinação de desnutrição e obesidade, conhecida como múltipla carga da má-nutrição, demanda igual atenção. Essa coexistência de deficiências de micronutrientes e desnutrição, combinada com sobrepeso e obesidade em uma mesma população, vem atingindo as nações do Sul global com velocidade sem precedentes. Ações necessárias que contemplem ambas as dimensões simultaneamente são imprescindíveis para que os países implementem políticas públicas de saúde efetivas.
Levando isso em conta, o Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação e o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Promoção da Saúde, lançaram, em 2020, um projeto de Cooperação Sul-Sul chamado Nutrir o Futuro. A iniciativa vem apoiando processos para fortalecer instituições públicas nacionais e setores de saúde e nutrição considerados fundamentais para a gestão de políticas públicas de alimentação e nutrição sobre a múltipla carga da má-nutrição no Brasil, Colômbia e Peru.
Um artigo publicado recentemente pela The Economist descreveu como a pandemia de COVID-19 deixou marcas nos hábitos alimentares das crianças que prejudicarão suas vidas, caso medidas imediatas não forem tomadas. Ele explora como as crianças obesas superarão as de baixo peso pela primeira vez e, diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, muitas das crianças com excesso de peso vivem na Ásia e na África. O texto também faz referência a um estudo de 2017 da Lancet, que projetava que, se as tendências observadas na época continuassem, até 2022 a obesidade em crianças e adolescentes de cinco a 19 anos superaria, pela primeira vez, a proporção que estava abaixo do peso.
Para enfrentar esse desafio de saúde global, a equipe do projeto Nutrir o Futuro publicou dois documentos que destacam as principais ações que os formuladores de políticas devem tomar para colocar a saúde das crianças de volta nos trilhos, o que, por sua vez, trará ganhos econômicos, sociais e de saúde para humanidade. O primeiro policy brief apresenta informações para contribuir com o desenvolvimento de estratégias pelos gestores públicos em nível local (gestores municipais e estaduais) para a prevenção e atendimento da obesidade infantil. O documento é composto por seis perguntas e respostas objetivas para facilitar o entendimento sobre um tema tão sensível que pode mudar a realidade das cidades. A segunda publicação destaca experiências do Brasil, Colômbia e Peru e descreve alguns passos simples para os governos tomarem na prevenção e cuidado da obesidade.
O projeto Nutrir o Futuro enfatiza que é necessário um conjunto de medidas e programas intersetoriais para melhorar o perfil nutricional e alimentar das populações e o único caminho a seguir é por meio de esforços conjuntos. Para saber mais sobre o projeto e saber como você pode contribuir, visite a página do projeto e entre em contato conosco.