Entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2024, São Tomé e Príncipe foi palco do III Seminário Internacional de Boas Práticas sobre Alimentação Escolar na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Durante dois dias, o Seminário promoveu discussões em painéis e mesas redondas sobre temas como hortas escolares, alimentação escolar com produtos locais, capacitação de profissionais que atuam nos programas de alimentação escolar e desafios para a segurança alimentar.
O evento reuniu ministros da educação dos nove Estados membros da CPLP, representantes das Nações Unidas, do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), do WFP em São Tomé e Príncipe, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), além de parceiros internacionais e locais.
Para João Ima-Panzo, Diretor da Ação Cultural e Língua Portuguesa da CPLP, a alimentação escolar é um tema central para todos os países da Comunidade. “Muitas crianças não conseguem permanecer na escola, porque falta o que comer. E esses programas, de alguma forma, ajudam a diminuir esse fenômeno”, afirmou.
O Diretor do Centro de Excelência contra a Fome, Daniel Balaban, reafirmou ter esperança em um futuro melhor para crianças que fazem parte dos países da CPLP. “Com cooperação, com todos se envolvendo, eu tenho certeza absoluta que nós vamos chegar ao ano de 2030 com todas as crianças na escola recebendo alimentos de qualidade, pelo menos entre os países de língua portuguesa”, disse.
O Brasil enviou uma delegação ao evento com vários representantes, incluindo membros da ABC, FNDE, Centro de Excelência e merendeiras e nutricionistas campeãs da edição de 2024 do reality show Vida de Merendeira.
Durante sua apresentação, a Coordenadora Geral do FNDE, Karine Santos, destacou o papel e a importância da agricultura familiar no PNAE. “É a agricultura familiar que consegue entregar para os nossos estudantes, nos espaços escolares, a alimentação escolar mais adequada e saudável. Há estudos científicos significativos sobre isso e que demonstram que os alimentos livres de agrotóxicos, os mais frescos, os que vêm da cadeia curta de produção que chegam aos alunos, vêm da agricultura familiar”, afirmou.
Para a analista de projetos da ABC, Paola Barbieri, o evento mostrou o comprometimento com o fortalecimento dos programas de alimentação escolar no âmbito dos países da comunidade. “Este é mais um importante marco para a agenda da alimentação escolar no mundo”, afirmou.
No terceiro dia, aconteceu a Conferência de Alto Nível, que reuniu autoridades ligadas à temática de alimentação escolar dos países da CPLP. Durante a Conferência, foi apresentada a Coalizão Global para a Alimentação Escolar, iniciativa liderada pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), com o objetivo de integrar a CPLP à agenda global de alimentação escolar sustentável.
Homenagem à merendeiras do Brasil e São Tomé e Príncipe
Um dos momentos mais aguardados foi a participação das campeãs do reality show “Vida de Merendeira”. As merendeiras Josefa Graciene Ribeiro, Leila Espinoza e Sarah Jane Ribeiro, acompanhadas das nutricionistas Janaína Barbosa, Elianne Arruda e Marcelia Prado, compartilharam suas experiências e abordaram a importância da valorização de produtos locais e da educação alimentar no ambiente escolar.
Elas também compartilharam seus conhecimentos com todos do evento, com apresentações sobre como são preparados os cardápios da alimentação escolar no Brasil, como acontece a articulação entre o trabalho de merendeiras e nutricionistas, o papel da agricultura familiar na criação de cardápios nutritivos e mais saudáveis, além de contarem sobre a experiência com a adaptação da alimentação para crianças com necessidades especiais, alergias e intolerâncias alimentares.
Conhecendo a alimentação escolar são tomense: Mostra gastronômica e visita à escola
Outro destaque foi a mostra gastronômica de pratos oferecidos nas cantinas escolares de São Tomé e Príncipe, realizada durante o almoço da Conferência. O evento reforçou o papel da alimentação escolar como ferramenta de segurança alimentar, inclusão social e promoção de sustentação econômica para comunidades locais.
Os alimentos ofertados para os participantes foram todos cozinhados por merendeiras são tomenses criando pratos típicos da ilha servidos no dia a dia das crianças.
Na manhã de 6 de dezembro, as merendeiras e nutricionistas ainda tiveram a oportunidade de visitar a escola Agostinho Neto, que atende cerca de 225 alunos com idade entre 6 e 14 anos.
Elas acompanharam o momento do lanche das crianças, onde foi servido arroz, feijão e carne de porco, além de conhecer as merendeiras locais e ver de perto como é feito a refeição nos fogões à lenha.
Resultados
Ao final da Conferência, os Estados membros da CPLP assinaram a Carta de Compromisso da Coalizão para a Alimentação Escolar, reafirmando o empenho em desenvolver programas de alimentação escolar sustentáveis.
Entre as resoluções, destacaram-se o incentivo à compra de alimentos da agricultura familiar, a capacitação de profissionais do setor e a adoção de políticas intersetoriais para avançar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A realização do Seminário e da Conferência consolidou o papel de São Tomé e Príncipe e do Brasil como líderes em iniciativas de alimentação escolar na CPLP, fortalecendo a Cooperação Sul-Sul e o intercâmbio de boas práticas entre os países de língua portuguesa.