Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, participou, na quarta-feira, 4 de maio, da 4ª sessão preparatória do Fórum Global do Agronegócio, que abordou Sistemas Alimentares Sustentáveis e Segurança Alimentar. O evento é promovido por grandes entidades do setor do agronegócio e é uma oportunidade para destacar os desafios atuais e possíveis soluções para combater a fome e promover sistemas alimentares saudáveis.
“O mundo vive uma catástrofe de fome e o conflito ainda é seu maior impulsionador, com 60% das pessoas em situação de fome vivendo em áreas atingidas pela guerra e pela violência. É uma vergonha”, disse Daniel Balaban em sua apresentação. Além dos conflitos, os choques climáticos, a pandemia de COVID-19 e o aumento dos custos com alimentos também estão contribuindo para a expansão dos níveis de fome em todo o mundo.
Durante sua apresentação, Daniel Balaban também detalhou conceitos relacionados à segurança alimentar, incluindo oferta estável, redução de riscos e sustentabilidade ambiental. “Sistemas agroalimentares eficientes e biodiversidade também são fundamentais para as soluções necessárias para acabar com a fome. Precisamos falar sobre isso todos os dias, pois nossos ecossistemas estão desaparecendo diante de nossos olhos. Precisamos criar sistemas sustentáveis e, ao mesmo tempo, olhar para o meio ambiente”, acrescentou.
Ele também descreveu os passos para acabar com a fome e a pobreza extrema, incluindo: a criação de cadeias de valor inclusivas e sustentáveis; garantir investimentos na industrialização agrícola com impactos sociais, econômicos e ambientais positivos; e uma combinação das capacidades dos atores locais e regionais em análise, assistência técnica, diálogo político e promoção de investimentos. “Precisamos oferecer às pessoas alimentos saudáveis e nutritivos, impulsionar soluções baseadas na natureza, capacitar comunidades e construir resiliência”.
John Wilkinson, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRRJ, também discursou na sessão. “Os sistemas alimentares estão precisando radicalmente de reparo e há necessidade de um novo paradigma de inovação, com a COVID-19, o conflito na Ucrânia e eventos climáticos extremos desempenhando um papel importante, resultando na necessidade de alternativas mais radicais”, disse ele.
Ele também apresentou dados sobre soluções inovadoras na produção de proteínas alternativas, agricultura ambiental controlada (como fazendas verticais e fábricas com iluminação artificial), a importância das políticas públicas e a necessidade de integrar sistemas alimentares à política urbana e ao planejamento. A sessão foi moderada por Sérgio Schneider, professor do Departamento de Sociologia e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e Sociologia da UFRGS.
O evento principal do Fórum do Agronegócio acontecerá nos dias 25 e 26 de julho. Mais informações podem ser encontradas aqui.