A quarta edição do Dia Africano da Alimentação Escolar foi celebrada em Abidjan com o tema “Investindo em alimentação escolar vinculada à agricultura local para alcançar o ODS 2 e educação inclusiva para todos, inclusive refugiados, na África”. O evento foi realizado pela Costa do Marfim e foi aberto pelo vice-presidente do país, Daniel Kablan Duncan. Cerca de 200 representantes de governos, sociedade civil e agências da ONU participaram da celebração, inclusive 14 ministros e vice-ministros.
O Dia Africano de Alimentação Escolar é comemorado todo 1º de março. A data foi instituída em janeiro de 2016 pelos chefes de estado da União Africana, em reconhecimento ao imenso valor da alimentação escolar vinculada à agricultura local. Esse modelo específico de alimentação escolar vincula a produção agrícola local à compra de alimentos para as escolas, com benefícios diretos a agricultores familiares e crianças.
A data foi criada depois que uma delegação da União Africana fez uma visita de estudos ao Brasil para ver de perto a abordagem brasileira de alimentação escolar e discutir os termos de colaboração do Centro de Excelência contra a Fome com a União Africana. O Dia Africano da Alimentação Escolar marca o compromisso dos países africanos com a promoção de programas de alimentação escolar como estratégia para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A primeira edição da celebração aconteceu em Niamey, no Níger, e foi seguida pela comemoração no Congo em 2017 e no Zimbábue em 2018.
O evento
As atividades que marcaram a celebração deste ano iniciaram no dia 27 de fevereiro. Um grupo de especialistas se reuniu para discutir os destaques da estratégia e do plano de trabalho do Grupo de Trabalho de Alimentação Escolar da União Africana. Ambos os documentos foram elaborados com apoio técnico do Centro de Excelência.
No dia 28 de fevereiro, os participantes realizaram uma visita de estudos a N’Zikro, Aboisso, numa comunidade nas aforas de Abidjan. A delegação visitou a fazenda de um grupo de agricultores que doa parte de sua produção, inclusive banana, mandioca e milho, para a cantina das escolas locais. Também visitaram uma cooperativa de mulheres que transformam a mandioca em attieke, comida típica da Costa do Marfim, e fornece pratos quentes para as escolas. Após conhecer o trabalho dos agricultores, a delegação visitou uma cantina escolar em N’Zikro para ver as crianças que se beneficiam dos alimentos produzidos.
O evento teve duração de três dias e culminou no dia 1º de março. Contou com a participação da comissária de Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia da União Africana, Sarah Anyang Agbor, além do vice-presidente Duncan, o que demonstrou o compromisso da Costa de Marfim com a implementação de cantinas escolares e do programa de alimentação escolar. No dia 27, contou ainda com a exibição de um vídeo com a saudação do presidente do FNDE Carlos Decotelli aos mais de 200 participantes do evento.
Alimentação escolar na África
O governo da Costa do Marfim priorizou a educação e demonstra seu compromisso por meio da implementação do programa de alimentação escolar que pretende melhorar os indicadores educacionais, reduzir as taxas de reprovação e evasão e oferecer mais chances para crianças de comunidades pobres de estudar.
“O compromisso desses 14 ministros em assegurar que as crianças africanas estão recebendo os alimentos e o apoio que precisam para seguir adiante na escola é extraordinário. Eu sei que o que está acontecendo neste Dia Africano de Alimentação Escolar vai fazer diferença concreta nas vidas de meninos e meninas em todo o continente. Eu espero continuar trabalhando com a união Africana e com os líderes desses países para garantir que os programas de alimentação escolar sejam efetivos em ajudar as crianças africanas a atingir todo seu potencial”, disse David Beasley, diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos.
“Recentemente, testemunhamos a mudança de visão sobre a alimentação escolar de um programa de proteção social para uma peça central das estratégias dos países para garantir segurança alimentar e nutricional para todos e todas”, disse Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome do PMA. “A alimentação escolar tornou-se uma intervenção crucial para que os países alcancem o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, e a União Africana tem sido uma grande defensora da adoção dos programas de alimentação escolar vinculados à agricultura local como estratégia continental para melhorar a nutrição e a produção agrícola e eliminar a fome”.
Nações africanas continuam a priorizar a alimentação escolar por meio de políticas e leis, para melhorar a retenção, a frequência e o desempenho escolar, assim como criar crescimento econômico. Em todo o continente, 39 países têm programas de alimentação escolar geridos e financiados por governos. 21 desses programas têm vínculos com a agricultura local. Os programas de Gana, Malawi, Quênia e Zimbábue alimentam mais de 1 milhão de crianças, cada. Na África do Sul e na Nigéria, esse número chega a 9 milhões, cada.