O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil recebeu o governo da Etiópia na primeira sessão da “Visita de Estudo Virtual: Brasil”, que aconteceu na quarta-feira, 4 de maio. Um total de 73 participantes do escritório de país do WFP na Etiópia, representantes do governo etíope nos níveis nacional e regional, bem como parceiros do Save the Children participaram online. O governo da Etiópia está atualmente empenhado em transformar o setor agrícola do país, especialmente suas abordagens para a alimentação escolar, por meio de políticas e programas adequados. Com o objetivo de eliminar a fome e a desnutrição, o país espera acelerar a comercialização, estabelecer redes estáveis para os agricultores e fortalecer as cooperativas.
Sharon Freitas, Chefe de Programas no Centro de Excelência do WFP, destacou a importância da Visita Virtual como forma de fortalecer as capacidades nacionais e promover o compartilhamento de conhecimento sobre alimentação escolar e proteção social por meio da Cooperação Sul-Sul. O conjunto de ferramentas que gira em torno da Visita Virtual pode facilitar o diálogo, reduzir custos e reforçar a relevância de programas de alimentação escolar com compras locais, como acontece com o caso brasileiro. “Além de atender à necessidade final de proporcionar refeições seguras e nutritivas para as crianças, o modelo garante mercados confiáveis para os agricultores familiares, gerando renda e estimulando a economia local, garantindo produtos mais diversos e mais frescos”, disse.
O embaixador Ruy Carlos Pereira, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e Karine Santos, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), receberam os participantes por meio de mensagens de vídeo e destacaram a significância de compartilhar conhecimento e desenvolver capacidades dos países parceiros, integrando políticas públicas e garantindo os benefícios da alimentação escolar.
Alimentação Escolar na Etiópia
Embora a maioria da população dependa diretamente da agricultura como meio de vida, a persistência da insegurança alimentar e nutricional continua sendo um desafio fundamental, afetando a frequência escolar, o desempenho das crianças e sua saúde, com as meninas sendo as mais afetadas.
Com quase 30 anos de existência, o programa de alimentação escolar da Etiópia está aumentando seu escopo e foco estratégico, construindo um projeto piloto que une a alimentação escolar com a produção agrícola local. Cada vez mais, vários órgãos federais e regionais, das administrações municipais e das comunidades estão reconhecendo a importância de estabelecer um programa de alimentação escolar universal e sustentável.
Como afirmou o Ministro da Agricultura da Etiópia, Melese Mekonnen, em seu discurso de abertura, A Visita Virtual permitirá ao país fortalecer os laços com o governo brasileiro e aprender com suas experiências e histórias de sucesso para desenvolver intervenções personalizadas que possam servir de base para uma iniciativa nacional eficiente.
Visita ao Estudo Virtual: Brasil
A primeira sessão da Visita Virtual começou com a visão geral do estado da alimentação escolar na Etiópia, liderada por Mekuanent Dagnew, do Ministério da Educação. Ele detalhou como o programa de alimentação escolar da Etiópia foi criado em 1994, com a colaboração do WFP, e cobria 40 escolas primárias, sendo então ampliado para diferentes partes do país. Mais recentemente, diferentes ministérios e parceiros de desenvolvimento, entre eles o WFP, estiveram envolvidos na criação de um quadro político e de uma estratégia voltada para a efetiva implementação de um programa de alimentação escolar no país.
O quadro da política nacional de alimentação escolar, que estabeleceu uma visão de fornecer pelo menos uma refeição por dia a todas as crianças das escolas pré-primárias até 2030, baseia-se em quatro pilares: pelo menos uma refeição segura e nutritiva na escola principalmente a partir de compras locais; fortes arranjos institucionais; fontes financeiras sustentáveis e estáveis; e mecanismos robustos de coordenação.
Alemtsehay Sergawi, do Ministério da Agricultura, apresentou os fatores de sucesso e desafios para uma agricultura sensível à nutrição na Etiópia. Ela mencionou que, além dos esforços recentes, o país ainda precisa lidar com níveis elevados de baixa estatura para o peso, insegurança crônica e desnutrição, que influenciam a mortalidade infantil, a matrícula escolar e o fraco desempenho no ensino fundamental. “A eliminação da desnutrição é um passo necessário para o crescimento e a transformação na Etiópia”, acrescentou, enfatizando a importância de vincular a alimentação escolar com as compras locais de alimentos, a produção agroecológica e as receitas alimentares respeitando a cultura local.
Entre os principais desafios, Alemtsehay Sergawi mencionou: configuração institucional fraca; má infraestrutura no manejo pós-colheita e adição de valor insuficiente em toda a cadeia produtiva, da produção local às escolas; gestão inadequada de dados, finanças nutricionais e tecnologia adotada; bem como uma fraca coordenação setorial, especialmente no nível regional.
Valmo Xavier, do FNDE, apresentou as principais características do PNAE, seu modelo descentralizado envolvendo governo federal, estados e municípios, e explicou como o programa foi adaptado com o fechamento de escolas durante a pandemia de COVID-19. Ele destacou o papel do Ministério da Agricultura no treinamento oferecido aos agricultores familiares envolvidos com a alimentação escolar.
Todos os participantes da Visita Virtual receberam um pacote de documentos sobre a experiência de alimentação escolar no Brasil – livros, resumos de políticas e manuais técnicos – juntamente com vídeos detalhados sobre todos os aspectos do PNAE.
O primeiro encontro online foi facilitado pelo Centro de Excelência Brasil e um segundo encontro acontecerá no dia 12 de maio, quando os participantes poderão fazer perguntas, compartilhar experiências e discutir com os colegas brasileiros. A Visita Virtual será seguida de um encontro presencial em Brasília.
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