Na quarta-feira, 12 de outubro, o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil organizou um evento paralelo como parte da 50ª Sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS, na sigla em inglês). O webinar reuniu especialistas do Centro de Excelência, do WFP e da FAO, do Fundo Brasileiro para o Desenvolvimento da Educação e da Agência Brasileira de Cooperação, do WFP no Lesoto e do governo de Angola para discutir soluções digitais e experiências bem-sucedidas na alimentação escolar.
“Após uma década fazendo esse trabalho, sabemos que é importante prestar assistência de forma inovadora, atendendo às diferentes necessidades de cada país e nos adaptando ao contexto político e econômico global”, disse Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP Brasil, em seu discurso de abertura. Desde 2019, o Centro de Excelência vem utilizando ferramentas digitais para oferecer suporte de forma rápida, flexível e econômica, o que possibilitou a continuidade da prestação de serviços durante a pandemia.
“A fome e a desnutrição na infância podem ter consequências cognitivas e físicas ao longo da vida”, disse Nancy Aburto, vice-diretor da Divisão de Alimentos e Nutrição da FAO, no painel de abertura. “Os programas de alimentação e nutrição escolar fornecem refeições que podem ajudar a combater a fome e prevenir a obesidade, mas também melhoram índices de matrícula e frequência escolar e o desempenho, ao mesmo tempo em que contribuem para a igualdade de gênero”.
A sessão seguinte teve como foco a “Visita de Estudos Virtual: Brasil”, desenvolvida pelo Centro de Excelência em parceria com o governo brasileiro e permite que os participantes se aprofundem no Programa Nacional de Alimentação Escolar. Marcelo Pontes, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, responsável pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), disse que “a alimentação escolar é um dos instrumentos essenciais para combater a fome e a desnutrição, sobretudo em países com desigualdade e social”.
Ele também ressaltou a importância do componente da educação alimentar e nutricional e detalhou a operação do PNAE no Brasil e as iniciativas implementadas no contexto da pandemia, incluindo capacitação virtual, elaboração de cartilhas e manuais, adaptação das ferramentas de monitoramento par o formato remoto, entre outras.
A sessão seguinte contou com apresentações de países que recentemente se envolveram em atividades digitais de cooperação Sul-Sul com o Brasil. Em sua apresentação, Soraya Kalongela, diretora nacional de educação primária e pré-escolar de Angola, destacou que o programa beneficia cerca de 500 mil crianças do ensino fundamental e que o governo está trabalhando para expandir a política nacional de alimentação escolar e saúde. As principais áreas de desenvolvimento também incluem capacidade técnica, sistema de implementação, monitoramento e avaliação, e um vínculo com a agricultura familiar.
Masahiro Matsumoto, vice-diretor de país do Lesoto, compartilhou alguns dos principais aspectos da experiência brasileira que vêm inspirando mudanças na jornada de alimentação escolar do país. Como resultado da visita virtual, realizada em 2021, a alimentação escolar com compras locais está acontecendo agora em 458 escolas, e o governo está oferecendo treinamento para gestores nacionais e agricultores familiares. O país também conseguiu iniciar projetos de hortas escolares com o apoio dos pais em algumas localidades e está revendo suas políticas nacionais para fortalecer os marcos legais envolvendo diversos ministérios.
Projeto WFP-FAO para melhorar a alimentação escolar por meio de cadeia de valor alimentar sustentável
A Divisão de Nutrição e Alimentação da FAO e o Centro de Excelência do WFP no Brasil uniram forças em uma iniciativa totalmente remota que visa explorar e documentar as experiências de países da Ásia, África e América Latina que vêm implementando programas de alimentação escolar com compras locais; compilar e compartilhar as ferramentas e materiais que a FAO e o WFP produziram e disponibilizaram para apoiar os países na vinculação da agricultura familiar à alimentação escolar; e prestar assistência técnica por meio de oficinas temáticas.
Com base em consultas com colegas da FAO, do Escritório Regional do WFP Regional e da Unidade de Programas Escolares, o projeto analisou quinze países que cobrem a Ásia, África e América Latina para identificar boas práticas na vinculação das compras públicas de agricultores familiares com programas de alimentação escolar, tanto onde os programas são implementados apenas pelo governo quanto em parceria com agências da ONU.
“Queremos entender quais são os principais modelos em vigor atualmente, quais lacunas poderíamos ajudar a preencher e quais foram alguns dos principais aprendizados que países do Sul Global poderiam compartilhar conosco e uns com os outros”, disse Camila Alencar, do Centro de Excelência no Brasil. Além das atividades de pesquisa, dois eventos a serem realizados até o final de 2022 proporcionarão um espaço para os países discutirem entre si e com especialistas e ajudarão a validar essas tendências e prioridades que temos notado. O projeto também produzirá materiais de capacitação, incluindo vídeos, resumos de políticas, amostras de legislação e histórias de sucesso.
A sessão de encerramento contou com discursos de Dageng Liu, Chefe da Unidade de Cooperação Triangular Sul-Sul do WFP, Anping Ye, diretora da Divisão de Cooperação Sul-Sul e Triangular da FAO, e Cecília Malaguti do Prado, responsável pela Cooperação Trilateral Sul-Sul com Organizações Internacionais da Agência Brasileira de Cooperação.
Saiba mais sobre o “Visita de Estudos Virtual: Brasil” e solicite uma visita virtual aqui.