Saiba mais sobre a atuação de campo do Centro de Excelência do WFP no Brasil no relato enviado pelos Oficiais de Programa Igor Carneiro e Bruno Magalhães
Alunos do jardim de infância saem de suas salas de aula para almoçar no pátio da Escola Básica de Muhammadan. Foto: WFP/Kebba Jallow
O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil visitou a Gâmbia para uma missão de duas semanas para auxiliar o país na próxima fase do programa nacional de alimentação escolar com foco em compras locais (HGSF, na sigla em inglês). Igor Carneiro e Bruno Magalhães, Oficiais de Programa do Centro de Excelência, estão apoiando o escritório do WFP no país no processo de transição e expansão sob a liderança de Wanja Kaaria, Diretora e Representante local do WFP. Esse esforço conjunto dos escritórios do WFP no Brasil e na Gâmbia tem potencial para atingir até 160.000 pessoas vulneráveis, a maior parte delas crianças de até 12 anos de idade em três regiões: Wester Division, Lower River and Central River. Meninas em idade escolar e mulheres rurais são a maioria dos possíveis beneficiários, o que pode chegar a 85.000 pessoas.
Desde março de 2018, o Centro de Excelência, o escritório nacional do WFP e o Governo da Gâmbia vêm promovendo o fortalecimento de um Grupo de Trabalho Multissetorial de alimentação escolar com foco em compras locais. Esse grupo busca ampliar a conexão dos modelos existentes para o programa de alimentação escolar no país com o setor agrícola. Para isso, o Centro e o escritório local do na Gâmbia estão preparando vários projetos de mobilização de recursos com fundos internacionais para financiar ações de fortalecimento da capacidade do país e de desenvolvimento de pequenos agricultores por meio da cooperação Sul-Sul com foco em questões de gênero.
Alunos da 4ª série, com idades entre 11 e 12 anos, na Albion Lower Basic School, uma escola pública no centro de Banjul, aprendem árabe durante a visita do WFP Brasil para avaliação de necessidades. PAM / Kebba Jallow
Esforço conjunto
Nas dimensões institucional e ambiental de alto nível desse processo, a representação do WFP no país, o Centro de Excelência, juntamente com os ministérios da Agricultura (MoA), Educação Básica e Secundária (MoBSE) e Mulheres, Crianças e Bem-Estar Social compartilham a liderança desta intervenção-chave no programa de alimentação escolar. Os esforços conjuntos dos três ministérios devem consolidar a coordenação apropriada para a entrega do programa e a coerência das políticas do planejamento de transição.
O Ministério da Agricultura (MoA), em particular, tem como objetivo apoiar a coordenação de todos os aspectos do planejamento estratégico para organizar a produção e envolver e capacitar pequenos agricultores e suas associações, para que eles possam suprir o mercado de alimentação escolar. O Ministério da Educação Básica e Secundária (MoBSE) desempenha o papel de gerenciar o ambiente e os domínios organizacionais das ferramentas de política do programa de alimentação escolar existentes. O plano é buscar estratégias apropriadas e apoio das partes interessadas para ampliar o programa nacional de alimentação escolar e transferir o controle para as autoridades locais.
O Escritório do WFP na Gâmbia tem a responsabilidade primordial de coordenar todo o suporte técnico com o governo local, desde a mobilização de atores até a implementação do programa. O Escritório Nacional, liderado por Wanja Kaaria, atua como o ponto de entrada para conectar o Centro de Excelência ao governo e aos atores locais. Através da Cooperação Sul-Sul e Triangular, o WFP Brasil fornece mecanismos para fortalecer o conhecimento, advocacia e serviços de consultoria técnica.
Visita às escolas como parte da etapa de avaliação de necessidades
Como parte da terceira visita para finalizar alguns dos preparativos do projeto, o Centro de Excelência, o Escritório do WFP no país e o Ministério da Educação Básica e Secundária (MoBSE) visitaram duas escolas no centro de Banjul, capital da Gâmbia, para aprender mais sobre as melhores práticas e as necessidades para desenvolvimento do projeto. O apoio do Centro à mobilização de recursos tem o potencial de captar mais de US$ 10 milhões para que o Governo da Gâmbia continue a se apropriar do trabalho de expansão do programa de alimentação escolar no país. Jerreh Sanyang, Secretário Permanente Adjunto do MoBSE, organizou as visitas do WFP à Escola Básica de Albion e à Escola Básica de Muhammadan. Landing Sonko, o ponto focal nacional de alimentação escolar, liderou as visitas.
As alunas da 1ª série, com idades entre 7 e 8 anos, compartilham um tradicional prato de “Domoda”, que consiste em arroz e molho de amendoim durante sua vez no pátio central de Albion.
Albion é uma escola metodista pública de ensino fundamental e médio, que educa crianças de 7 a 12 anos de idade. Os 831 meninos e meninas que estudam em Albion recebem refeições quentes todos os dias. Elizabeth Chapman, diretora da instituição, e Aye Gomez, vice-diretora, explicaram o papel da Representação do WFP em tornar o projeto de alimentação escolar em uma realidade e como as refeições são preparadas. “Crianças com estômagos vazios não conseguem aprender e não conseguem ficar na escola. Essas crianças chegam a Albion porque elas e suas famílias sabem que a merenda escolar tornará possível a frequência e a retenção escolar ”, destacou Chapman.
Elizabeth Chapman explica a Bruno Magalhães a história da alimentação escolar na escola Albion e os impactos positivos que ela vê no desenvolvimento de seus alunos. Na prateleira, alguns dos troféus que os alunos bem nutridos conquistaram ao longo dos. Foto WFP/Kebba Jallow
Em Albion, as crianças fazem as refeições em turnos diferentes, pois a escola ainda precisa de um refeitório com mesas e assentos suficientes. Chapman relata que o WFP adquire uma parte da comida com dinheiro repassado pelo do governo. A escola compra a outra parte da cesta de alimentos nos mercados locais, maior parte vinda de pequenos agricultores. A escola economiza dinheiro de outras fontes para comprar utensílios para a cozinha.
Gomez, vice-diretora da escola de Albion, acompanhada por alguns alunos da 4ª série, guiou os oficiais do WFP Brasil e a assessora de programa da Representação, Lillian Mokgosi, em uma visita à escola. Gomez descreveu a importância que a escola tem para a comunidade local e como a equipe está comprometida em melhorar a frequência e a retenção escolar oferecendo refeições quentes diárias. Gomez apresentou a história de Assan Njie, um garoto gambiano de 13 anos de idade, cuja mãe permaneceu no Senegal enquanto ele voltou a Banjul para se juntar ao pai, que é cidadão gambiano. Gomez falou sobre os a trajetória de Assan e sobre seus esforços para trazê-lo de volta à escola depois que ele voltou para Banjul. “Se não fosse pela alimentação escolar, Assan não teria frequentado esta escola novamente”, disse Gomez.
Os jovens Alagie Jallow, 12 anos, e Assan Njie, 13 anos, se juntaram a Aye Gomez para mostrar sua escola para Lillian Mokgosi e Igor Carneiro. Foto: WFP/Kebba Jallow
Após a visita a Albion, as equipes do WFP e do Ministério da Educação Básica e Secundária (MoBSE) foram até a Muhammadan Lower Basic School, uma escola pública do baseada no Alcorão também no centro de Banjul. A escola educa 750 meninos e meninas de até 7 anos de idade. A Escola Muhammadan fez parte da fase piloto do programa de alimentação escolar no país no início dos anos 2000. O Centro de Excelência esteve na Muhammadan em abril de 2018 e voltou para encontrar os diretores da instituição e aprender mais sobre a entrega do programa para as crianças mais novas.
Yafatou Mbai Samba, diretora da instituição, e Rohey Jobe Sillah, vice-diretora e chefe dos cozinheiros, mostraram à equipe do WFP como o programa está sendo implementado em sua escola. “A comida é essencial para a vida. Toda criança merece ser alimentada adequadamente e vir para a escola”, disse Samba. Ela acrescentou que “o controle nacional de um programa de alimentação escolar é muito importante para fornecer refeições em todas as escolas”. Jallow explicou que os pais podem contribuir com GMD 5.00 mensalmente (US$ 0,10) para melhorar as condições da entrega das refeições escolares, já que toda transferência pública de dinheiro deve ser alocada para a compra de alimentos. “Todos os alunos comem em nossa escola, mesmo aqueles que não podem contribuir com dinheiro”, garantiu Sillah.
Yafatou Mbai Samba, diretora da Muhammadan Lower Basic School, uma escola pública baseada no Alcorão também no centro de Banjul. Foto: WFP/Kebba Jallow
Outro fato importante discutido na visita foi o número crescente de crianças que vivem nas ruas no centro de Banjul. “Eles batem nas portas da nossa escola pedindo comida. Nós sempre tentamos alimentá-los com qualquer alimento restante das refeições da escola. Embora não possam se beneficiar do programa de alimentação escolar, porque não frequentam a escola, fazemos todos os esforços para mantê-los alimentados ”, destacou Samba. Esta é uma questão importante que vem chamando a atenção no cenário nacional de segurança alimentar e nutricional, pois afeta as crianças mais vulneráveis do país.
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