O Fórum Global de Nutrição Infantil, a maior conferência internacional sobre alimentação escolar do mundo, celebrou sua vigésima edição em Túnis, capital da Tunísia, de 21 a 25 de outubro. O evento teve a participação recorde de 363 representantes de 59 países, inclusive 30 autoridades governamentais como ministros e vice-ministros e 197 mulheres. A principal recomendação do Fórum foi que governos devem assumir os programas de alimentação escolar de seus países e gradualmente prover fundos regulares e suficientes dos orçamentos nacionais para cobrir todas as crianças e adolescentes.
O tema foi Programas Nacionais de Alimentação Escolar para Segurança Alimentar e Nutricional e Múltiplos Benefícios Sociais, um reconhecimento ao potencial da alimentação escolar de impactar positivamente a educação, nutrição, saúde, agricultura familiar e o desenvolvimento. “Alimentação escolar, nutrição e educação são os pilares do futuro e da prosperidade do mundo”, afirmou o diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley, em seu discurso de abertura.
Alimentação escolar e desenvolvimento
“Nós sabemos que quando investimentos em alimentação escolar e distribuição de alimentos de forma sustentável, as taxas de migração, gravidez precoce e casamento infantil diminuem”, continuou Beasley. Ele destacou que o investimento em alimentação escolar faz sentido também do ponto de vista econômico. “O custo das guerras em 2017 foi de US$ 15 trilhões. Não podemos investir US$ 4,6 bilhões em nossas crianças, mesmo sabendo que o impacto positivo será dez vezes esse valor? Nossas crianças merecem mais que isso”.
“Compromisso político de governos, coordenação entre os vários setores envolvidos na alimentação escolar e mobilização de recursos dos orçamentos nacionais são essenciais para alcançarmos programas sustentáveis de alimentação escolar”, afirmou Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome. “Estou muito orgulhoso por estar nesta sala hoje, compartilhando este momento com tantos líderes. A decisão de estar aqui no Fórum Global de Nutrição Infantil representa o desejo de cada um de vocês de fazer a diferença nas vidas de milhões de crianças e suas famílias. Vocês têm o poder de fazer isso e eu sinceramente espero que as experiências compartilhadas aqui inspirem progresso em cada país”.
Arlene Mitchell, diretora executiva da Global Child Nutrition Foundation, disse: “estamos aqui para aprender, para ensinar e para trocar conhecimentos. A alimentação escolar combina educação, agricultura e saúde”. A comissária de Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia da União Africana, Sarah Anyang Agbor, afirmou que “a alimentação escolar é uma estratégia continental para reposicionar o sistema de educação africano para alcançarmos a África que queremos”.
Experiência local
O Fórum Acontece em um país diferente a cada ano, para que os participantes tenham a oportunidade de ver de perto várias experiências de alimentação escolar. Na cerimônia de abertura, o primeiro-ministro da Tunísia, Youssef Chahed, afirmou que “a Tunísia alcançou 100% de escolarização; estamos agora na transição de assegurar o direito à educação para assegurar educação de qualidade para todos”.
O ministro da Educação da Tunísia, Hatem Bem Salem, explicou como o programa de alimentação escolar do país se encaixa em sua estratégia de educação. O programa provê refeições quentes para 240 mil alunos em 2,5 mil escolas em todo o país. O programa é executado pelo Ministério da Educação em parceria com o Programa Mundial de Alimentos e apoio da agência de cooperação italiana. Unesco, Unicef, FAO e o Banco Mundial também são parceiros, de acordo com Maria Lukyanova, chefe o escritório do PMA para a Tunísia e o Marrocos.
O programa pretende promover o desenvolvimento local, cobrir entre 30% e 40% das necessidades nutricionais das crianças e garantir sua sustentabilidade. Os participantes do Fórum se dividiram em quatro grupos para visitar diferentes soluções de alimentação escolar na Tunísia.
Eles visitaram uma escola primária que funciona no modelo descentralizado, com uma cozinha em na escola para a preparação das refeições. Eles visitaram duas escolas que funcionam no modelo centralizado, em que as refeições são preparadas numa cozinha central no município e distribuída para as escolas. E finalmente visitaram um banco de alimentos, que é um depósito de alimentos para distribuição às escolas.