©Paulo Negreiros/IICA
O Dia Mundial da Alimentação (DMA), em 16 de outubro, é uma data da ONU comemorada em mais de 170 países, com o objetivo de mobilizar esforços conjuntos no combate à fome. No Brasil, autoridades de organizações internacionais e do governo federal reuniram-se, no Sesi Lab, em Brasília, para refletir sobre o tema, destacando a trajetória brasileira e o papel do país na segurança alimentar no mundo.
Em 2024, o movimento global em torno do DMA teve como foco o Direito aos alimentos para uma vida e um futuro melhores. O Diretor e Representante do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, Daniel Balaban, lembrou que o WFP destina cerca de US$ 7 bilhões por ano para alimentar todos os dias um contingente de 170 milhões de pessoas no mundo, mas 733 milhões de pessoas ainda não têm alimentos. “O mundo produz o suficiente para acabar com a fome. Mas é preciso um esforço coletivo dos países para mudar essa realidade”, disse.
A celebração do DMA em Brasília foi promovida conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em parceria com os ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Autoridades
Durante a solenidade, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, enfatizou o avanço brasileiro no combate à fome e o compromisso do país de sair novamente do Mapa da Fome da FAO. Ele também ressaltou as barreiras para uma alimentação saudável, como a falta de regulação da indústria alimentícia, “que captura as pessoas para produtos que não alimentam e geram problemas gravíssimos de saúde”. “O desafio é alimentar o povo brasileiro adequadamente, recuperando a cultura alimentar dos brasileiros”, explicou.
A secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, que representou o ministro Wellington Dias na cerimônia, destacou as políticas públicas brasileiras que podem ser referências internacionais. “No Brasil, trabalhamos a segurança alimentar e o combate à fome com a perspectiva do direito humano à alimentação. Essa visão, que para nós é natural, infelizmente não é uma realidade em todos os países”, lembrou. Rahal enfatizou, ainda, a relevância da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa da presidência do Brasil no G20, para compartilhamento de experiências exitosas como as brasileiras.
A secretária também aproveitou a oportunidade para anunciar o lançamento da cartilha digital sobre segurança alimentar e nutricional para povos indígenas e comunidades tradicionais. O documento foi produzido pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
O representante da FAO no Brasil, Jorge Meza, lembrou que quase 3 bilhões não conseguem pagar por uma dieta saudável. “A resposta para fazer face às deficiências do nosso sistema agroalimentar é uma ação coletiva, coordenada, para garantir alimentos suficientes, nutritivos e seguros estejam disponíveis em todos os lugares, para todas as pessoas, a um preço acessível”.
Para Daniel Balaban, Diretor e Representante do WFP no Brasil, o problema do planeta não é apenas oferecer comida, mas resolver a questão econômica da desigualdade social. “Para acabar com a fome e a extrema pobreza, temos que falar em concentração de renda. Apenas diminuindo as desigualdades sociais vamos fazer com que o mundo tenha um contingente de pessoas equânimes e que ninguém mais passe fome”, alertou.
Já Arnoud Hameleers, Diretor-País do FIDA no Brasil, lembrou da importância do trabalho conjunto em prol dos pequenos agricultores. “A nova carteira de projetos apoiados pelo FIDA no Brasil, em parceria com uma ampla gama de instituições, impactará diretamente a vida de 2,8 milhões de pessoas, através de investimentos que deverão superar 6 bilhões de reais. A agricultura familiar é essencial para o enfrentamento da fome”, destacou.
Nesse sentido, o Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado alertou para os desafios rurais enfrentados na América Latina e Caribe, onde a pobreza atinge quase 60 milhões de pessoas no campo. “Não é possível pensar em direito à alimentação e na erradicação da fome sem focar nas necessidades de transformação de sistemas alimentares e na criação de novas oportunidades de desenvolvimento econômico no campo”, concluiu.
A solenidade contou, ainda, com a presença do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária e com contribuições da secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, e da presidente do Consea, Elisabetta Recine. Além de evento com autoridades, a campanha também contou com a projeção de imagens no exterior do Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios.