Na quinta-feira, 6 de outubro, a equipe do projeto Nutrir o Futuro, em parceria com o Ministério da Saúde, ministrou a oficina temática “Boas Práticas de Alimentação e Nutrição no Brasil, Colômbia e Peru” e o seminário internacional “Recomendações para produção, abastecimento e consumo de frutas, legumes e verduras” durante o maior evento de nutrição da América Latina, o XXVII Congresso Brasileiro de Nutrição – CONBRAN. O evento aconteceu entre os dias 4 e 7 de outubro em Maceió, Alagoas, e contou com cerca de dois mil participantes. O projeto é uma ação conjunta do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, o Ministério da Saúde e a Agência Brasileira de Cooperação.
Além dessas atividades, o projeto também foi destaque no estande conjunto com o Ministério da Saúde, que apresentou aos participantes informações relacionadas à atuação do Nutrir o Futuro, publicações feitas pelo projeto, além de materiais do Ministério que estimulam a alimentação saudável e nutritiva e promovem boas práticas alimentares como uma forma de promoção da saúde e bem-estar coletivo, como o Guia Alimentar Para a População Brasileira.
Oficina Temática
Durante a oficina, foram apresentadas boas práticas em alimentação e nutrição por representantes dos governos do Peru e da Colômbia, países que enfrentam a múltipla carga da má nutrição, ou a manifestação simultânea de desnutrição e excesso de peso na população. De acordo com Elisa María Cadena, Subdiretora de Saúde Nutricional, Alimentos e Bebidas do Ministério da Saúde e Proteção Social da Colômbia, o ciclo da má nutrição pode começar na gestação e acompanhar o indivíduo por toda uma vida.
Na Colômbia, 42% das gestantes estão acima do peso, a prevalência de anemia em bebês entre seis e 11 meses no país é de 62,5%, enquanto o excesso de peso é uma realidade para 56,5% da população adulta. Dentre as ações para enfrentar e prevenir a má nutrição realizadas pelo país estão: a proteção e promoção da amamentação exclusiva por pelo menos seis meses; ações voltadas para nutrição adequada na primeira infância; programas de alimentação escolar; e regulamentação máxima do teor de sódio e de gordura trans em alimentos.
Já no caso do Peru, há uma prevalência da desnutrição crônica, de acordo com a referência estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, em crianças menores de cinco anos, e 36,9% da população com mais de 15 anos de idade tem prevalência de sobrepeso. Algumas das estratégias adotadas para reduzir a má nutrição foram a mobilização social, por meio de sessões informativas e educativas e vigilância comunitária. Além disso, segundo Beatriz Quispe, da Direção de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde peruano, o projeto Food Truck Tempero de Ferro é uma iniciativa que leva comida rica em ferro a diversas localidades do país.
Representando o Brasil, as Secretarias de Saúde de Pernambuco, Minas Gerais e do Distrito Federal também apresentaram casos exitosos de boas práticas em nutrição e alimentação saudável em nível local. “A política nacional de alimentação e nutrição estabelece como é responsabilidade dos estados e do Distrito Federal a implementação dessa política no âmbito do seu território, mediante as adequações necessárias. Então, a própria política nacional já estabelece como é importante a elaboração de políticas locais”, disse Carolina Gama, nutricionista e gerente de serviços de nutrição da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Seminário internacional
O seminário internacional debateu estratégias para prevenção e controle da múltipla carga da má nutrição no Brasil, Colômbia e Peru, além de apresentar materiais produzidos em conjunto pelo projeto, em especial o documento Recomendações para o Consumo de Frutas, Verduras e Legumes. O debate também contou com a participação de técnicos dos Ministérios da Saúde dos três países e da representante do WFP no Panamá da área de nutrição, Diana Murillo, para o compartilhamento de experiências de cada país.
De acordo com análises do Global Burden of Disease, a má alimentação é o fator de risco que mais contribui para mortalidade e o segundo maior fator que mais contribuiu para os anos de vida perdidos, superando o efeito do uso de álcool, drogas, tabagismo e inatividade física. Para Ana Maria Maya, consultora na Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, “quando olhamos para esse cenário preocupante, é reforçada a necessidade da construção de políticas, programas e ações no setor saúde, que devem ser executadas de forma interssetorial e integrada para enfrentar os determinantes desse problema de saúde e nutrição”.
No contexto da América Latina e Caribe, apesar dos avanços dos últimos anos, a região ainda enfrenta desafios relacionados a má nutrição e 9,8 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar grave na região atualmente. Para Diana Murillo, nutricionista do WFP no Panamá, é preciso investir em pesquisas para desenhar políticas públicas efetivas, além de promover soluções interssetoriais dentro dos contextos nacionais de cada país para mudar esse cenário.
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