O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025), lançado em 28 de julho, mostra que o Brasil saiu do Mapa da Fome, mas que a fome ainda atinge 673 milhões de pessoas no mundo, o que equivale a 8,2% da população global.
Lançado durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU (UNFSS+4), realizada em Adis Abeba, Etiópia, o relatório SOFI é elaborado por cinco agências da ONU, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa Mundial de Alimentos (WFP), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Brasil
A saída do Brasil do Mapa da Fome reflete a média trienal de 2022 a 2024, período em que o país conseguiu reduzir a proporção de sua população em situação de subnutrição para menos de 2,5% — limite estabelecido pela FAO para que um país deixe de figurar no indicador global.
A classificação é baseada em médias móveis de três anos, para evitar distorções causadas por eventos pontuais, como crises econômicas ou desastres climáticos. O ano de 2022 foi considerado crítico para a fome no Brasil, com altos índices de insegurança alimentar. Em dois anos, o país reverteu esse cenário.
Panorama global
O número de pessoas com fome no mundo, 673 milhões (ou 8,2% em 2024), apesar de representar uma leve melhora em relação aos anos anteriores (8,5% em 2023 e 8,7% em 2022), ainda permanece acima dos níveis pré-pandemia.
A América Latina e o sul da Ásia apresentaram avanços significativos, enquanto a fome continua a crescer em diversas regiões da África e da Ásia Ocidental. Em 2024, mais de 20% da população africana enfrentava fome, o que representa cerca de 307 milhões de pessoas.
A diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (WFP), Cindy McCain, alertou para os riscos de retrocesso diante da queda no financiamento internacional para ações humanitárias.
“A fome continua em níveis alarmantes, mas os recursos para combatê-la estão diminuindo. No ano passado, o WFP alcançou 124 milhões de pessoas com assistência alimentar vital. Este ano, cortes de até 40% no financiamento significam que dezenas de milhões perderão esse apoio essencial. Embora a leve redução nos índices globais de insegurança alimentar seja bem-vinda, a contínua falha em fornecer ajuda crítica a quem mais precisa pode anular esses avanços duramente conquistados e gerar ainda mais instabilidade em regiões vulneráveis.”
Alto custo
O relatório também destaca os impactos da inflação de alimentos, que desde 2020 tem superado a inflação geral em diversos países, dificultando o acesso a dietas saudáveis, especialmente em nações de baixa renda. Em 2024, cerca de 2,6 bilhões de pessoas não conseguiam pagar por uma alimentação nutritiva — número ainda elevado, embora inferior aos 2,76 bilhões registrados em 2019.
Além disso, indicadores de nutrição infantil e saúde das mulheres continuam preocupantes. A prevalência de anemia entre mulheres de 15 a 49 anos aumentou para 30,7% em 2023, e a obesidade adulta segue em alta.
A íntegra do SOFI 2025 está disponível em inglês.