No dia 15 de junho, o Centro de Excelência contra a Fome participou do seminário “Novos recursos para programas internacionais de alimentação escolar”, para discutir evidências sobre os impactos de programas de alimentação escolar. O evento aconteceu em Washington, Estados Unidos, e foi organizado pela Global Child Nutrition Foundation e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Foi uma oportunidade para discutir com tomadores de decisão as estratégias para combinar esforços e fortalecer iniciativas de promoção da segurança alimentar e nutricional em países em desenvolvimento, com foco na alimentação escolar.
Durante o evento, o Centro apresentou seu trabalho e seus impactos nos países parceiros, assim como os resultados do estudo sobre o status e os benefícios da alimentação escolar em países africanos realizado em parceria com a União Africana. Christiani Buani, chefe de programa, representou o Centro no seminário, que também contou com a participação de representantes de organizações não-governamentais, empresas, universidades e centros de pesquisa, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e agências das Nações Unidas, como PMA e o Banco Mundial.
A apresentação do Centro centrou-se no trabalho desenvolvido em países que se beneficiam do Programa Internacional McGovern-Dole Alimentação para a Educação e a Nutrição Infantil, que apoia educação, desenvolvimento infantil e segurança alimentar em países de baixa renda. O programa é uma iniciativa do USDA que doa produtos da agricultura norte-americana e assistência técnica e financeira para apoiar projetos de alimentação escolar e saúde materno-infantil. O objetivo do programa é reduzir a fome e melhorar a educação primária e a alfabetização, especialmente para meninas.
Os participantes do seminário foram convidados a refletir sobre quais são as melhores fontes de informação e dados sobre programas de alimentação escolar disponíveis atualmente; que tipo de dado ainda é necessário para avaliar os impactos dos investimentos em alimentação escolar; e quais informações os governos precisam para decidir se vale ou a pena investir em alimentação escolar.
Para subsidiar as discussões, algumas experiências concretas e resultados de pesquisas foram apresentados. Além do trabalho e dos impactos do Centro, os participantes assistiram apresentações sobre um estudo sobre alimentação escolar vinculada à agricultura local em Gana, o estudo do Centro e da União Africana sobre o status e os impactos da alimentação escolar em países africanos, e estudos de caso sobre o envolvimento do setor privado em iniciativas de alimentação escolar compilados pela Global Child Nutrition Foundation.
Discussões
“O trabalho de advocacy do Centro de Excelência contribuiu para o reconhecimento da alimentação escolar como uma solução efetiva para a fome”, afirmou Christiani Buani. Ela explicou como o programa de alimentação escolar brasileiro funciona, seus impactos nos indicadores de saúde e educação, os benefícios para os agricultores familiares que fornecem alimentos para o programa, e a integração da alimentação escolar com outras políticas de proteção social. A experiência brasileira ganhou a atenção de outros países em desenvolvimento. “Países vêm ao Brasil para pensar em novas ideias e estratégias e renovar a motivação para aprimorar seus programas de alimentação escolar”, explicou Christiani.
Nard Huijbregts, pesquisador do Economic Policy Research Institute (EPRI), apresentou os resultados sobre o status e os impactos da alimentação escolar em países africanos. A União Africana solicitou ao Centro a realização desse estudo, e o EPRI foi responsável pela pesquisa, que incluiu entrevistas com atores governamentais e não-governamentais, 13 missões a países, uma pesquisa continental sobre alimentação escolar e a preparação de 20 estudos de caso.
De acordo com o estudo, a alimentação escolar é um super-recurso, ou seja, é uma combinação de serviços públicos que juntos possibilitam impactos excepcionais. Esses impactos não seriam possíveis sem uma resposta integrada. A alimentação escolar combina intervenções em educação, agricultura, saúde, gênero, proteção social e nutrição, e seus impactos só são completos quando os programas são implementados com uma perspectiva sistêmica, com integração entre os diferentes setores.
O estudo concluiu que, em países africanos, os impactos incluem melhorias na educação e no aprendizado, em saúde e nutrição, aumento da produção agrícola, diminuição da pobreza, desenvolvimento econômico local, empoderamento comunitário e outros. A pesquisa também aponta uma série de recomendações para formuladores de políticas públicas e governos para aprimorar programas de alimentação escolar ao redor do continente. Os resultados do estudo serão apresentados aos chefes de estado da União Africana em julho.
Prêmio Gene White
Também em Washington aconteceu a cerimônia do Prêmio Gene White, realizado pela Global Child Nutrition Foundation. Todos os anos, o prêmio reconhece pessoas que contribuíram significativamente para a nutrição infantil.
Este ano, o prêmio homenageou o Dr. Akin Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, por suas extraordinárias contribuições para o desenvolvimento da agricultura africana para garantir uma fonte sustentável de alimentos nutritivos para os programas de alimentação e nutrição escolar.
Foto: WFP/Rein Skullerud