O ano de 2017 foi marcado pelo aumento da fome no mundo, depois de uma década em queda. Novos conflitos e outros que já se estendem por anos foram a principal causa de insegurança alimentar e nutricional. Nesse contexto de instabilidade e incerteza, a ajuda mútua entre países e o investimento em soluções de longo prazo se tornaram indispensáveis.
O Centro de Excelência contra a Fome, criado em 2011 pelo Programa Mundial de Alimentos e o Brasil, comemorou seis anos de trabalho com cooperação Sul-Sul para a criação e aprimoramento de políticas e programas sustentáveis de combate à fome e à pobreza. No ano passado, a novidade do trabalho do Centro foi o investimento em iniciativas de pesquisa sobre cooperação Sul-Sul e segurança alimentar e nutricional, sem perder de vista a assistência técnica aos países parceiros.
Pesquisa
Em 2017, o Centro de Excelência concluiu o estudo solicitado pela União Africana sobre os benefícios e desafios da alimentação escolar no continente africano. A pesquisa se debruçou sobre a situação geral da alimentação escolar na África e detalhou a conjuntura de 20 países. O resultado foi um panorama desse tipo de iniciativa no continente e uma série de recomendações práticas para tornar a alimentação escolar uma estratégia continental de promoção do desenvolvimento sustentável.
O Centro também realizou dois concursos de pesquisa. O primeiro selecionou os três melhores artigos sobre a construção de pontes entre práticas agrícolas sustentáveis e programas de alimentação escolar. O segundo premiou artigos e projetos na área de nutrição realizados no Brasil que possam ser compartilhados com outros países em desenvolvimento por meio da cooperação Sul-Sul.
O Centro de Excelência se uniu ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e convidou pesquisadores para contribuir para o Dossiê sobre a Luta contra a Fome no Mundo, uma edição especial do Brazilian Journal of International Law (RDI). O dossiê reúne artigos relacionados à segurança alimentar e nutricional e seus vínculos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Confira aqui o Dossiê completo
Assistência técnica
O Centro recebeu delegações de oito países e realizou missões técnicas a cinco países para apoiar o desenvolvimento sustentável. Países como Suazilândia, Botswana e Mianmar participaram pela primeira vez de visitas de estudo ao Brasil. Togo e Burundi continuaram a receber assistência técnica do Centro para aprimorar suas políticas de alimentação escolar. O Zimbábue passou todo o ano de 2017 trabalhando para criar um programa nacional de alimentação escolar vinculado à agricultura local com apoio técnico do Centro.
A experiência de cooperação Sul-Sul tem mostrado resultados tão bons que a China decidiu criar um centro similar em parceria com o WFP e enviou uma delegação para conhecer os programas brasileiros de segurança alimentar e nutricional e a metodologia de trabalho do Centro de Excelência no Brasil.
Impactos
O Centro de Excelência realizou pela primeira vez uma avaliação de impactos. A avaliação compreendeu os cinco primeiros anos de trabalho do Centro. Os resultados indicam que o Centro contribuiu de forma significativa para o reconhecimento global da alimentação escolar como estratégia de promoção do desenvolvimento sustentável. O Centro também promoveu o envolvimento de atores governamentais de alto nível, o que ampliou o compromisso dos países com a alimentação escolar. As parcerias fomentadas pelo Centro ajudaram a fortalecer capacidades técnicas cruciais para o desenvolvimento de políticas nacionais de alimentação escolar vinculada à agricultura local.