Um evento paralelo, parte da 47ª edição do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), reuniu profissionais para discutir o que foi aprendido com a implementação de programas de alimentação escolar em todo o mundo durante a pandemia, e por que eles continuam a ser essenciais para a educação, saúde e nutrição das crianças e das comunidades. O painel, moderado por Carmen Burbano, Diretora da Divisão de Programas escolares do WFP, aconteceu na segunda-feira, 8 de fevereiro, e teve mais de 220 pessoas na audiência.
A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) também estiveram presentes. Paola Barbieri representou a ABC no evento e destacou que o cenário de pandemia reforçou a importância da cooperação internacional. Ela também falou sobre como os programas de alimentação escolar foram prejudicados e tiveram que ser readaptados, instigando um trabalho conjunto envolvendo governos e organismos internacionais.
Bruno Costa e Silva, assessor do Programa Nacional de Alimentação Escolar do FNDE, apresentou dados alarmantes sobre os efeitos socioeconômicos da pandemia no Brasil e ressaltou a importância da alimentação escolar atrelada à agricultura familiar como um importante mecanismo de segurança social. Ele também detalhou o esforço do governo brasileiro na adaptação da legislação sobre alimentação escolar para garantir que as verbas destinadas ao programa continuassem sendo empregadas na compra e distribuição de alimentos aos alunos, mesmo durante o fechamento das escolas. Ele também citou o caso do estado do Amazonas, onde é possível ver municípios em que a alimentação escolar é 100% abastecida pela agricultura familiar.
Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do WFP no Brasil, encerrou o evento. Em seus comentários, ele destacou os graves impactos que a pandemia da Covid-19 teve sobre as crianças, com mais de 390 milhões delas perdendo o acesso às refeições escolares, o teve importantes implicações na aprendizagem, saúde e nutrição dos alunos. “O exemplo do Brasil apresentado pelo FNDE nos mostrou como as bases institucionais bem estabelecidas de um programa de alimentação escolar – desde a gestão de alto nível até o final da implementação – podem facilitar a adaptação do programa, mesmo em tempos de adversidade. Esta é uma ode à institucionalização da alimentação escolar e a tudo o que nós, como WFP, temos defendido ao longo dos anos: a importância de criar capacidades sólidas para regular, gerenciar, entregar e monitorar a alimentação escolar”, disse ele.
Ele também elogiou governos, doadores e agências internacionais pelo trabalho árduo em resposta a esse desafio sem precedentes. Ele ressaltou que será necessária uma forte coalizão para garantir que o acesso às refeições seja restaurado para as crianças que mais necessitam, com participação do setor privado, indivíduos, instituições multilaterais, ONGs e outros setores.
Exemplos da Finlândia, Ruanda e USDA
O evento também destacou exemplos de alimentação escolar de todo o mundo. Ville Skinnari, Ministro de Cooperação para o Desenvolvimento e Comércio Exterior da Finlândia, destacou a experiência de 70 anos do país com a alimentação escolar, que é uma parte fundamental do sistema de educação finlandês. “Sabemos que os benefícios da alimentação escolar vão muito além de um prato de comida”, disse ele, afirmando também que as refeições servidas nas escolas atendem a 1/3 das necessidades nutricionais diárias dos alunos. Na Finlândia, o programa é visto como um investimento para o futuro, com alto rendimento em termos de educação, saúde, proteção social e agricultura.
Samuel Mulindwa, Secretário Permanente do Ministério da Educação de Ruanda, e Edith Heines, representante do WFP e Diretora do escritório de país, discutiram o recente compromisso do Governo de Ruanda em ampliar seu programa de alimentação escolar, reafirmando sua importância e destacando os efeitos que o programa tem nas comunidades e pequenos agricultores especificamente. O WFP começou a apoiar programas de alimentação escolar em Ruanda em 2002.
Lindsay Carter, Diretora do programa McGovern-Dole (USDA) destacou o trabalho da instituição para reduzir a fome e aumentar a alfabetização, especialmente entre meninas, por meio de 47 projetos em 30 países. Ela também enfatizou que a melhoria das práticas de saúde e nutrição nas escolas também fazem parte dos programas de alimentação escolar, e que há necessidade de adaptação, fortalecimento e expansão de programas em todo o mundo.
A gravação do evento estará disponível aqui em breve.