Na terça-feira, 30 de janeiro, representantes do governo da Armênia e integrantes do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no país participaram da primeira sessão da “Visita de Estudos Virtual: Brasil” junto ao governo brasileiro e organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O workshop integra uma parceria de mais de 12 anos do Governo Brasileiro com o Centro de Excelência.
Durante a reunião, Karine Santos, Coordenadora-Geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), apresentou os principais pontos do PNAE, que referendou o Brasil a tornar-se copresidente da Coalizão Mundial da Alimentação Escolar juntamente com França e Finlândia.
Atualmente, o PNAE atende todo território brasileiro, alcançando cerca de 40 milhões de estudantes com refeições escolares em mais de 150 mil escolas. O programa tem como um de seus principais pontos a oferta regular de refeições de qualidade, nutricionalmente adequadas e saudáveis. Além disso, possui componentes de interesse dos países parceiros, como a compra da agricultura familiar e a diversidade dos cardápios.
“O governo brasileiro acredita firmemente que investir na segurança alimentar e na nutrição das gerações mais jovens é um investimento no desenvolvimento e na igualdade e garantia dos direitos humanos de toda a sociedade. Os programas de alimentação escolar podem e devem ser utilizados como estratégias para avançar em vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em nossos países”, afirmou Anderson Wilson Sampaio Santos, diretor de Ações Educacionais do FNDE.
Durante a reunião, Paola Barbieri, analista de projetos de Cooperação Sul-Sul Trilateral com organismos internacionais da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, mencionou a disposição do governo brasileiro em cooperar com países parceiros. Fabio Vaz Pitaluga, embaixador do Brasil na Armênia, destacou as potencialidades da cooperação bilateral e fez referência aos laços históricos de proximidade entre os dois países e à importância da diáspora armênia no Brasil, colocando a embaixada à disposição de novos contatos e ações estruturantes nos campos da alimentação escolar e da segurança alimentar e nutricional.
Na Armênia, o programa nacional de alimentação escolar é implementado pelo governo armênio, em parceria com a Federação Russa e o WFP. De acordo com Araksia Svajyan, Vice-Ministra de Educação, Ciência, Cultura e Esportes da Armênia, cerca de 100 mil crianças são alimentadas todos os dias, em 10 regiões do país, recebendo uma refeição quente diária nas escolas. “Considero importante enfatizar que o programa proporciona uma alimentação balanceada”, disse.
O programa adota uma abordagem integrada em relação à segurança alimentar, fundamentando-se nos princípios de sustentabilidade econômica, participação comunitária e adaptação às mudanças climáticas. Segundo Satenik Mkrtchyan, diretora de Alimentação Escolar e Bem-Estar Infantil do Centro Nacional de Desenvolvimento e Inovação da Educação, o programa tem entre seus principais objetivos a promoção da educação de qualidade, a readequação das escolas para a provisão de alimentos quentes e nutritivos aos alunos e o desenvolvimento comunitário. Busca, dessa forma, respeitar as especificidades regionais, fomentar a economia circular e promover ações de educação nutricional e responsabilidade social, através, por exemplo, da criação de hortas, campanhas de informação e ações de treinamento.
A diretora de país do WFP Armênia, Nanna Skau, reforçou a ideia de que a alimentação escolar é investimento e não gasto: “vejo que ambos os países podem aprender um com o outro, e a abordagem integrada do Brasil provou ser eficaz como veículo para desenvolver e envolver as áreas rurais e para abordar questões de coesão social”. Ela acrescentou que o uso de fontes renováveis de energia e de atividades como estufas e pomares podem contribuir para garantir a sustentabilidade das ações de alimentação escolar nas escolas.
Sobre a “Visita Virtual: Brasil”
A Visita Virtual foi lançada em 2021 pelo Centro de Excelência, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e consiste em uma série de vídeos que simulam uma imersão no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) brasileiro, bem como encontros virtuais para discutir o programa e sua implementação.
Embora não tenha a intenção de substituir a tradicional visita in loco, a “Visita de Estudos Virtual: Brasil” contempla os pontos mais relevantes das mensagens transmitidas em uma visita presencial ao Brasil, apoiando, de forma econômica, a disseminação dos principais elementos que contribuíram para o sucesso das políticas brasileiras nessa área.
Para o Diretor do Centro de Excelência do WFP, Daniel Balaban, a visita é uma forma promover a troca de experiências exitosas em alimentação escolar de maneira simples e econômica. “A visita virtual evita, por exemplo, a necessidade de organização de uma visita de estudos presencial exploratória, que pode custar, para uma delegação de cerca de 6 pessoas, mais de 20 mil dólares. Para momentos de conhecimento mútuo, portanto, é uma ferramenta poderosa.”, afirmou o Diretor.
Ao longo dos últimos anos, Namíbia, Angola, Etiópia, Lesoto e Serra Leoa se beneficiaram da “Visita de Estudos Virtual: Brasil”. Em alguns casos, as boas práticas e as lições aprendidas levaram a visitas técnicas ou de alto nível subsequentes ao Brasil. As contrapartes brasileiras também puderam aprender com as experiências compartilhadas pelos países parceiros.
Representantes do governo da Armênia e do WFP no país receberão vídeos que abordam os principais elementos do PNAE. O próximo encontro entre os dois países acontecerá no dia 6 de fevereiro, com uma sessão exclusivamente para perguntas e respostas.