Com o intuito de discutir os determinantes da má nutrição, os nutricionistas do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, Eliene Sousa e Osiyallê Akanni foram convidados pelo Instituto Cordial para participar da Live “O Policy Brief como uma estratégia de prevenção da obesidade”, realizada em 23 de janeiro, dentro da iniciativa Painel Brasil de Obesidade.
A apresentação trouxe dados alarmantes sobre a obesidade e o sobrepeso no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o número de adolescentes obesos aumentou 4 vezes entre 1990 e 2022, e 1 em cada 8 adultos no mundo é obeso.
O recorte sobre crianças e adolescentes serve para criar um alerta sobre a necessidade urgente de falarmos sobre o tema para busca de soluções. Atualmente, 390 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos no mundo têm sobrepeso e 160 milhões são obesos. E esses números tendem a crescer até 2030, segundo projeções do Relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI) 2024, lançado pelo WFP em conjunto com quatro outras agências da ONU.
O Policy Brief Enfrentamento da múltipla carga da má nutrição foi um dos resultados do Projeto Nutrir o Futuro, uma parceria entre os Ministérios da Saúde do Brasil, Peru e Colômbia executada pelo Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil com apoio da Agência Brasileira de Cooperação.
Esse documento revela como o problema da má nutrição tem componentes diversos, como hábitos alimentares, insegurança alimentar, fatores genéticos, acesso à educação e saúde, estilo de vida e até histórico alimentar na primeira infância, entre outros.
Desta forma, o enfrentamento do problema precisa ocorrer em várias frentes e com diferentes estratégias. Programas de transferência de renda que permitam aquisição de alimentos mais saudáveis e nutritivos é um caminho.
Outros citados são a vigilância alimentar e nutricional no SUS para acompanhamento do peso, assim como presença de nutricionistas que trabalhem em conjunto com assistentes sociais para prevenção de ganho excessivo de peso e microdeficiências; a alimentação escolar com envolvimento e acompanhamento dos pais das crianças; a rotulagem frontal para informar ao consumidor as características nutricionais nos rótulos dos produtos alimentícios; e a linguagem acessível à população na disseminação de mensagens e campanhas para tratar do tema obesidade.
Para Eliene Sousa, o grande desafio no enfrentamento da obesidade e da má nutrição é a implementação de políticas que já existem ou estão sendo aprimoradas. “Nossos documentos têm como foco o gestor. A segunda fase do Projeto Nutrir o Futuro, uma continuidade da parceria entre Brasil, Peru e Colômbia, vai tratar da implementação, ou seja, como o gestor local pode desenvolver atividades a partir das recomendações existentes.”
Ela afirma que a estratégia intersetorial que o Brasil já vem adotando é a forma mais eficiente: “No Brasil, a educação alimentar e nutricional usa o Guia Alimentar da População Brasileira como referência, que também norteia a alimentação escolar e a cesta básica. A obesidade é um problema de múltiplas áreas e precisa de ação em colaboração de todas as partes”, concluiu.
O Instituto cordial é um centro de articulação e pesquisa que promove articulação intersetorial para contribuir com tomadas de decisão. Entre suas iniciativas está o Painel Brasileiro de Obesidade, que estimula o debate em âmbito nacional para fomentar estratégias para reduzir a obesidade e seus custos associados no Brasil.
Acesse a íntegra da Live O Policy Brief como uma estratégia de prevenção da obesidade.