O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil e o Escritório de País do WFP na Nicarágua facilitaram uma primeira reunião entre Brasil e Nicarágua sobre alimentação escolar vinculada à agricultura local. A reunião faz parte do trabalho do Centro para promover intercâmbios técnicos entre o Brasil e outros países com o objetivo de aprimorar os programas de alimentação escolar em todo o mundo e teve como foco principal a experiência brasileira com compras de pequenos agricultores locais, governança do programa e marco legal.
“A cooperação entre o WFP e a Nicarágua não é nova e tem suas raízes nos anos 90, quando o WFP apoiou a alimentação escolar na Nicarágua e ajudou a lançar o programa de alimentação escolar”, disse Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência do WFP em suas observações. O WFP está agora apoiando o Ministério da Educação com a implementação do Programa Integral de Nutrição Escolar (PINE) e, desde este ano, o WFP tem apoiado o Ministério da Educação da Nicarágua (MINED) no desenho de um modelo de alimentação escolar com compras locais.
O programa de alimentação escolar da Nicarágua é o maior programa de proteção social do país e a alimentação servida na escola tem valor agregado muito importante, tanto para crianças, quanto para a sociedade. “Os estudos mostram que se investirmos US$ 1 em cada criança, pode se transformar em US$ 9 para o país e queremos trabalhar isso aqui na Nicarágua”, disse Giorgia Testolin, representante do WFP no país. “Queremos aprender com o grande programa do Brasil, um dos mais importantes do mundo, para vermos como podemos conectar as escolas com os pequenos produtores de maneira mais eficiente e apoiar o desenvolvimento de todos no país”, completou.
Sineide Neres, do Fundo Brasileiro para o Desenvolvimento da Educação, apresentou uma visão geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), sua história e a evolução das compras locais de pequenos agricultores e a estrutura legal por trás desse sistema. Ela também apresentou dados sobre o financiamento do programa, custos por refeição e ferramentas de monitoramento. “O Programa mudou muito ao longo dos anos. É um dos mais antigos programas brasileiros de proteção social e um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo”, acrescentou. Hoje, o PNAE oferece refeições diárias a mais de 40 milhões de alunos, entre crianças e adultos.
Alimentação escolar na Nicarágua
O programa de refeições escolares na Nicarágua é universal e atende até mesmo comunidades mais isoladas. A distribuição dos alimentos, entretanto, é centralizada. “Atualmente fazemos distribuição central dos alimentos e leva cerca de 20 dias para os alimentos chegarem, em alguns lugares por barco”, disse María Jose Bonilla, Diretora do Programa Integral de Nutrição Escolar da Nicarágua. “Queremos ofertar esses produtos mais frescos. Atualmente os pais que adicionam outros produtos nessa cesta básica como frutas, legumes e verduras”, completou. O país está também criando hortas escolares e fazendo um esforço coordenado para um alcance maior e envolvimento de pais e professores.
O WFP apoia a alimentação escolar na Nicarágua desde 1993, quando ajudou a lançar o programa pela primeira vez. Em 2007, a alimentação escolar foi transferida para o governo e, desde então, o Programa Nacional de Alimentação Escolar evoluiu e se tornou o maior programa de proteção social do país, com cobertura universal, atingindo 1,2 milhão de crianças em escolas públicas em todo o território nacional. O WFP apoia a implementação do programa fornecendo a cesta básica completa de arroz, feijão, óleo vegetal e farinha ou milho para 182.000 crianças em algumas das áreas mais remotas e pobres do país, a maioria habitada por populações indígenas.
O apoio do WFP representa 15% de todo o programa nacional. Além disso, o WFP fornece cooperação técnica e capacitação para o Ministério da Educação em diversas áreas, como reabilitação da infraestrutura das cozinhas escolares, promoção de hábitos alimentares saudáveis para crianças em idade escolar e tradução de materiais de alimentação escolar para idiomas indígenas.
A sessão de perguntas e respostas focou em temas como a forma como o Brasil identificou pequenos agricultores para começarem a serem fornecedores, os itens que seriam adicionados aos cardápios escolares, o papel das famílias no preparo da alimentação escolar e as características das cozinhas escolares. Esse encontro faz parte da iniciativa Intercâmbios Virtuais, desenvolvida em parceria entre o Centro de Excelência e o governo brasileiro, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Ministério da Educação. Saiba mais sobre essa iniciativa aqui.