Nos dias 26 e 27 de setembro, ocorreu a 5ª reunião plenária ordinária de 2023 do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), que teve como temas o racismo estrutural e a garantia da soberania e segurança alimentar e nutricional no Brasil. O Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, que é entidade observadora do CONSEA, foi representado pelo nutricionista da equipe de Projetos Osiyallê Rodrigues.
Durante a plenária, Osiyallê Rodrigues detalhou alguns pontos fundamentais para a promoção da segurança alimentar e nutricional de povos negros na África e diaspóricos e destacou o papel da pandemia de COVID-19 como um potencializador das desigualdades sociais na população negra. “A partir dos problemas sanitários que afetaram os privilégios de parte da população, diversas questões sociais se tornaram pauta das ações políticas, e incluíram mais visibilidade aos grupos vulneráveis no país, embora este seguimento seja afetado socialmente há bastante tempo, inclusive em período anterior à pandemia”, disse.
A mesa também contou com a participação da presidente do CONSEA, Elisabetta Recine, do conselheiro Edgar Moura, da coordenadora Executiva da Rede PenSSAN, Sandra Chaves, da professora adjunta da UFRJ Rute Costa, da engenheira agrônoma Fran Paula e da representante do CONSEA, Anna Lúcia.
Em sua fala, Osiyallê Rodrigues também destacou que as mudanças climáticas irão afetar os meios de produção e consumo de alimentos, sobretudo para grupos mais vulneráveis, destacando os possíveis impactos no continente africano e nos grupos tradicionais no Brasil. Além disso, no que tange ao acesso de alimentos saudáveis, o nutricionista reforçou a relevância das feiras urbanas de base agroecológica em locais de grande vulnerabilidade, uma vez que elas fortalecem a economia de pequenos agricultores e oferecem alimentos de boa qualidade para pessoas negras em favelas.
“O estímulo às feiras agroecológicas colabora com o sistema alimentar sustentável e alimentação de qualidade nos territórios, alternativa contrária ao o crescimento das indústrias alimentícias, as quais promovem desertos e pântanos alimentares, sobretudo onde há concentração de pessoas negras”, disse Osiyalê Rodrigues.Por fim, o nutricionista fez menção ao geógrafo Milton Santos, que defendia que a academia deve se tornar permeável às contribuições dos movimentos sociais. “Neste sentido, para que as universidades de nutrição possam colaborar na luta antirracista para a segurança alimentar e nutricional, é preciso que a comunidade acadêmica ouça e compreenda os conhecimentos tradicionais dos diversos grupos sociais do Brasil para manutenção das culturas e soberania alimentar e nutricional”, completou.
Incentivar o consumo de alimentos frescos, ricos em fibras e micronutrientes, como frutas e vegetais presentes em feiras agroecológicas, faz parte das atividades de enfrentamento à múltipla carga da má nutrição, tema central do Projeto Nutrir o Futuro. O Projeto, que é uma parceria entreo Centro de Excelência do WFP, o Ministério da Saúde e a Agência Brasileira de Cooperação, possui como objetivo propor ações para auxiliar gestores públicos a reduzirem a obesidade e desnutrição no público em idade escolar. Saiba mais aqui.