O Dia Mundial da Obesidade, celebrado em 4 de março, chama a atenção para a crescente prevalência da obesidade infantil, um problema de saúde pública mundial que também afeta significativamente o Brasil.
Em 2021, a Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) diagnosticou que 356 mil crianças de 5 a 10 anos apresentavam obesidade no país, revelando a necessidade urgente de estratégias eficazes de prevenção e combate à obesidade.
Desde os primeiros anos de vida, as crianças estão consumindo pouca variedade de alimentos saudáveis como os alimentos in natura ou minimamente processados, e estão sendo expostas muito cedo a alimentos ultraprocessados que podem prejudicar a sua saúde, alerta o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, publicação do Ministério da Saúde.
O Atlas da Obesidade Infantil no Brasil (2019) aponta que 48% das crianças de 6 a 23 meses consomem alimentos ultraprocessados, 32% bebem bebidas adoçadas e 28% ingerem biscoitos recheados e guloseimas.
Esses hábitos alimentares são fatores importantes para o aumento do sobrepeso infantil, uma condição que pode levar a doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas respiratórios.
Um dado ressaltado no Webinar do Dia Mundial da Obesidade: Plano de Aceleração para acabar com a obesidade, promovido pela Organização Panamericana de Saúde, mostra que, nas Américas, 6% de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos de idade convive com sobrepeso ou obesidade. E revela que em 2035, 400 milhões de crianças terão obesidade, o que corresponde a uma em cada cinco crianças.
Centro de Excelência
O Projeto Nutrir o Futuro, uma parceria do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil com o Ministério da Saúde do Brasil e os Ministérios da Saúde da Colômbia e do Peru, é uma iniciativa conjunta no enfrentamento à obesidade e a má nutrição infantil.
Em sua primeira fase, o Projeto ofereceu soluções práticas para melhorar os hábitos alimentares e a saúde das crianças em comunidades vulneráveis por meio do fortalecimento de políticas públicas de nutrição e saúde pela promoção da educação nutricional e a prevenção da obesidade.
O Policy Brief Enfrentamento da Múltipla Carga de Má Nutrição, resultado do Projeto Nutrir o Futuro, é uma das principais ferramentas para enfrentar esse problema. O documento revela que a má nutrição tem componentes diversos, como hábitos alimentares, insegurança alimentar, fatores genéticos, e acesso à educação e saúde.
Para a nutricionista e oficial de Projetos Eliene Sousa, o grande desafio é a implementação eficaz das políticas já existentes, e a segunda fase do projeto irá focar na capacitação dos gestores locais, para que eles possam aplicar as recomendações no contexto de cada comunidade.
A luta contra a obesidade e a má nutrição exige ações intersetoriais e estratégias em múltiplas frentes. Como afirma Eliene Sousa, a colaboração entre as diferentes áreas, como saúde, educação e assistência social, é a chave para o sucesso no enfrentamento à obesidade no Brasil.