As experiências do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, executado pela Diaconia em sete territórios do Semiárido Nordestino, servirão de referência para países africanos. Por meio de uma parceria entre a Diaconia e o Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, serão realizadas atividades de intercâmbio e troca de experiências entre o Brasil e a África, para que os pequenos agricultores dos países do continente passem a plantar alimentos, revezando com a monocultura de algodão já presente na região. O objetivo é que os alimentos produzidos sejam vendidos pelos pequenos agricultores para a alimentação escolar.
Na última quinta-feira (26 de setembro), em Recife (PE), o diretor do Centro de Excelência do PMA, Daniel Balaban, e a coordenadora geral da Diaconia, Waneska Bonfim, assinaram um Protocolo de Intenções que formalizou a parceria.
Daniel explica que a Diaconia irá colaborar com o projeto Além do Algodão desenvolvido pelo Centro em países como Benim, Moçambique, Quênia e Tanzânia. O projeto visa a melhorar a renda e a segurança alimentar e nutricional de agricultores familiares produtores de algodão, ampliando essa produção para os alimentos que serão destinados à alimentação escolar, o equivalente ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“Estamos implantando em alguns países africanos a cultura do plantio de alimentos nas lavouras de algodão. A ideia é que os alimentos sejam inseridos nas escolas, servindo como um pilar de combate à fome que assola o continente. Aqui no Brasil, esta parceria com a Diaconia, tendo como referência o projeto do algodão agroecológico, é uma ação pioneira, tendo em vista a vitrine que este projeto oferece a nível mundial. Essa cooperação é muito importante para nós e não tenho dúvidas que ela dará muitos frutos”.
“Estamos felizes de sermos referência nacional para o Programa Mundial de Alimentos com as experiências do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos. A partir de agora, atividades de intercâmbio e trocas de experiências serão desenvolvidas por meio desta parceria. A incidência política e a relação das famílias agricultoras com o PNAE também serão ainda mais fortalecidas com esta parceria”, disse Waneska Bonfim.
De acordo com o documento, a parceria terá validade de três anos podendo ser renovada a depender do interesse das partes envolvidas. Nesse período, as organizações preveem realizar campanhas de conscientização e mobilização no Brasil e na África sobre produção sustentável, soberania alimentar e promoção da segurança alimentar e nutricional; compartilhar experiências, melhores práticas e lições aprendidas sobre desenho e implementação, modalidades, inovações e engajamento da sociedade civil em estratégias nacionais de segurança alimentar e nutricional; organizar eventos conjuntos, seminários e conferências a serem acordados pelas duas organizações; promover e apoiar projetos e programas de interesse mútuo e promover voluntariamente as iniciativas alinhadas com o propósito do protocolo por meio do site e outros meios de comunicação.
Todas essas atividades têm a intensão de erradicar a fome e a pobreza entre os países e populações com maiores índices de desigualdade e insegurança alimentar. Elas estão conectadas à Agenda 2030, aprovada na Assembleia Geral da ONU em 2015, mais especificamente ao segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda, que visa a acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável, até 2030. (Com informações da Diaconia)