“O trabalho eficiente da área de finanças, garante a boa gestão dos recursos, o que é fundamental para a ampliação do alcance do trabalho que realizamos em campo. Dessa forma, como uma peça fundamental da engrenagem, sinto que estou contribuindo para o trabalho do Programa Mundial de Alimentos e para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Assim Luis Felipe Sandrini define sua satisfação de trabalhar como assistente de finanças do Centro de Excelência contra a Fome.
Luis Felipe tem 36 anos e fez carreira no setor privado. Há quase dois anos, saiu de São Paulo em busca de uma nova vida em Brasília, no escritório do PMA. É economista por gosto e contador por exigência da profissão e iniciou sua atuação profissional como trainee em uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo. Nos três anos que ficou na empresa, chegou à posição de auditor sênior. Com a experiência acumulada em auditoria externa, resolveu ‘mudar para o outro lado da mesa’ e foi trabalhar na área de planejamento financeiro internacional em uma construtora de grande porte. Conciliou o momento de expansão do segmento com a perspectiva de crescimento profissional.
O setor da construção civil no Brasil passou por uma crise intensa e, no começo de 2017, como parte do plano de reestruturação da empresa, a empresa fez reduções no quadro de funcionários. Após sete anos de casa, Luis Felipe se viu pela primeira vez sem trabalho. Ele havia se casado poucos meses antes. “Eu aproveitei esse período para me dedicar a projetos pessoais que eu postergava há algum tempo, como a fotografia, ao mesmo tempo em que me matinha atento às oportunidades de emprego. Nesse processo, tomei a decisão de buscar um trabalho que me trouxesse um propósito pessoal, além do profissional”.
“Certa vez, li que os funcionários da Organização das Nações Unidas são ‘agentes da mudança’, e isso despertou uma identificação em minha busca”, conta Luis Felipe. Ele começou, então, a monitorar o site da ONU Brasil em busca de vagas na área de finanças. Quando viu a vaga do Centro de Excelência, conversou com Sheila, sua esposa, sobre a possibilidade de se mudarem para Brasília, e ela o apoiou. “Foi a única vaga fora de São Paulo para a qual enviei minha candidatura”, conta.
“Fui muito bem recebido pelos meus colegas e encontrei um ambiente de pessoas altamente qualificadas nas mais diversas áreas”, conta Luis Felipe. “Me sinto satisfeito com o porquê de fazermos nosso trabalho todos os dias. É um trabalho diferente do que fazia na iniciativa privada. As métricas de sucesso de uma empresa são diferentes das de um organismo internacional como o Centro de Excelência. Nosso sucesso é medido pelo maior alcance da assistência às pessoas nos distintos países em que atuamos”.
Trabalhar na ONU tem sido uma experiência gratificante para o economista. Para ele, duas palavras ampliaram o sentido com essa experiência: diálogo e cooperação. “Diálogo entre os diferentes atores sociais como governos, setor privado, instituições de ensio e ONGs para compreender demandas locais e encontrar soluções conjuntas para o desenvolvimento mais equitativo. E cooperação entre o setor público e privado para a mobilização de recursos para causas humanitárias”.
“A ONU foi criada no pós-guerra para promover a cooperação internacional, manter a segurança e a paz mundial. Percebo a constante mudança das demandas globais, e a ONU se mantém como o fórum global para que os países-membros discutam e cheguem a consensos sobre como lidar com elas”.
Segundo Luis Felipe, a ONU está num processo constante de renovação e, com isso, consegue inovar para atender as demandas existentes e antecipar as futuras. “Na área financeira, por exemplo, vemos o uso de novas tecnologias para acessar e assistir pessoas nos lugares mais remotos e dar autonomia para que elas possam fazer suas escolhas. É o caso dos programas de transferência de renda do PMA, que permitem que os beneficiários escolham comprar localmente os alimentos de sua preferência. Para se ter uma ideia das dimensões desse programa, em 2018 foram transferidos US$ 1.7 bilhão para 62 países”.
“A ONU é um local de diálogo e representação de todos, inclusive de grupos que comumente têm pouca voz em seus contextos sociais”, pondera Luis Felipe. No caso do Brasil, ele vê que as diversas agências da ONU que atuam no país ajudam a incluir os temas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nas discussões sobre políticas públicas do país. “Em contrapartida, vejo que o Brasil pode contribuir significativamente com a ONU e outros países, principalmente por meio do compartilhamento das políticas públicas de sucesso que temos aqui e que podem inspirar outros países”.