
©WFP Brasil/ Ana Mascarenhas
Celebrado em 25 de julho, o Dia Internacional da Agricultura Familiar chama atenção para o papel estratégico dos pequenos produtores na erradicação da fome, na promoção de dietas saudáveis e no desenvolvimento sustentável.
O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil atua há mais de uma década para fortalecer a agricultura familiar por meio da cooperação Sul-Sul e do apoio a políticas públicas para combater a fome. Um dos principais marcos nesse contexto é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que estabelece que, no mínimo, 30% dos recursos para a alimentação escolar sejam destinados à compra direta da agricultura familiar, garantindo uma renda fixa ao agricultor e mais estabilidade.
Esse é o caso de 46 famílias de agricultores da Associação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar Chapadinha (ASTRAF) no Distrito Federal, que produzem mais de 40 toneladas de verduras, frutas e hortaliças orgânicas todos os meses e fornecem produtos para alimentação escolar.
A produtora rural Ivone Ribeiro Machado, da ASTRAF, trocou a vida de caminhoneira pelo campo, e hoje planta verduras, legumes e frutas orgânicas, que vende em feiras e para o PNAE. “Eu sempre fui apaixonada pelo orgânico. Então, no início, a gente plantava mais para o nosso consumo e da família. E depois começou a conhecer os programas e a produzir mais e em maior quantidade, porque essas entregas não são pequenas, são entregas grandes”, afirma.
Na horta da Dona Ivone tem hortaliças, couve, alho poró, tomate, batata e uma variedade de frutas que inclui até pitaya. “É um trabalho de muita dedicação diária, porque temos que fornecer cada alimento no padrão exigido pela alimentação escolar”, disse ela.
Anaíldo Porfírio, coordenador-geral da FETRAF-DF e presidente da ASTRAF, considera as políticas de incentivo ao pequeno agricultor e as compras institucionais dos programas do governo fundamentais para Associação. “A gente vê com bons olhos as políticas públicas, principalmente a do PNAE, que é uma política estruturante que realmente ajuda os agricultores”, complementa Anaildo.
Ele destacou o papel importante das mulheres na agricultura. “Já temos 25 mulheres produtoras rurais certificadas na produção de orgânicos na cooperativa. São mulheres com sua história de vida na agricultura familiar que hoje fornecem um produto de excelência ao programa de alimentação escolar”, disse.
Cooperação
O Centro de Excelência contra a Fome contribui com a troca de experiências para o fortalecimento da agricultura familiar em países do Sul global. Um exemplo disso é o projeto Além do Algodão, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e com apoio das universidades Federal do Oeste da Bahia, Federal de Lavras e Federal de Campina Grande.
O projeto apoiou pequenos produtores de três países africanos, Moçambique, Tanzânia e Benim, a fortalecerem e diversificarem sua produção, aliando cultivo do algodão ao cultivo de alimentos variados, promovendo a segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento econômico das comunidades envolvidas.
Outro exemplo é o projeto Projeto Sementes para o Amanhã. Realizado em três distritos na República do Congo, o projeto visa melhorar a segurança alimentar dos agricultores familiares, especialmente das mulheres, apoiando o seu o acesso aos mercados locais, e contribuindo para o desenvolvimento de um programa de alimentação escolar baseado na produção local.
Esse projeto é uma iniciativa do Centro de Excelência, em parceria com o Governo da República do Congo, o Governo do Brasil, o WFP República do Congo e o Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC) e conta com o financiado pelo fundo IBAS (Mecanismo Índia, Brasil e África do Sul para o Alívio da Pobreza e da Fome).
WFP no mundo
O Programa Mundial de Alimentos (WFP) também contribui com ações concretas de apoio à agricultura familiar: em 2023, adquiriu 60% dos alimentos utilizados em suas operações diretamente de mercados locais e regionais, movimentando mais de US$ 1,1 bilhão. Quase 96 mil toneladas foram compradas diretamente de pequenos produtores, somando US$ 56 milhões em aquisições. Além disso, foram distribuídos mais de 470 mil itens de equipamentos agrícolas e construídos 7.500 silos de armazenamento.
Ao fortalecer a agricultura familiar, promovemos sistemas alimentares mais justos, inclusivos e sustentáveis — um passo essencial para garantir o direito à alimentação e construir um futuro sem fome.