
Durante os dias 04 e 05 de junho, aconteceu de forma online o workshop sobre segurança alimentar e nutricional no contexto dos programas de alimentação escolar envolvendo representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do escritório do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Benim e do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil. Durante o encontro, os participantes discutiram sobre segurança alimentar, controle de qualidade dos alimentos, elaboração de cardápios e as boas práticas utilizadas e desafios na execução dos programas de alimentação escolar.
O encontro propõe uma troca de conhecimentos entre Brasil e Benim e foi organizado no âmbito de uma iniciativa de cooperação que está sendo desenvolvida por meio de uma parceria envolvendo o Ministério das Relações Exteriores da França, o Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil e o Escritório do WFP no Benin, incluindo estratégias voltadas para o fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição Escolar do Benin (PNASI). A iniciativa tem como objetivo apoiar a integração do programa de alimentação escolar com a produção de agricultores familiares locais, aprimorar a qualidade nutricional e a sustentabilidade do PNASI, integrando produtos de origem local ao cardápio escolar.
A gestão do programa de alimentação escolar no Benim era realizada pelo escritório de país do WFP no Benim, mas foi transferida para o governo no final de 2024 e hoje beneficia cerca de um milhão e 300 mil crianças em idade escolar em mais de 5 mil escolas.
Ella Regina, responsável pela alimentação escolar do WFP no Benim, afirma que as refeições escolares no Benim são preparadas nas escolas por mulheres voluntárias e servidas e distribuídas em refeitórios e em sala de aula. Para ela, envolver agricultores locais no fornecimento dos alimentos é uma solução que valoriza a economia local e traz alimentos mais saudáveis e frescos para as crianças.
Dentre os principais temas das oficinas estavam a educação nutricional, a segurança alimentar, o controle de qualidade e a importância de dietas diversificadas com o uso de alimentos frescos, utilizando como referência as boas práticas implementadas no Brasil.
As oficinas contaram com a expertise do corpo técnico do FNDE, que apresentaram como é garantida a higiene e o controle de qualidade das refeições servidas no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) brasileiro. Dentre as medidas apresentadas para garantir uma alimentação segura para mais de 40 milhões de estudantes estão: implementação de boas práticas de higiene, controle de qualidade na cadeia de produção e monitoramento da produção e do armazenamento.
De acordo com as Nações Unidas (2023), pelo menos 600.000 casos de doenças causadas pelo manuseio inseguro de alimentos são registrados todos os anos. As populações mais pobres e vulneráveis geralmente são as mais afetadas, principalmente mulheres e crianças.
Além disso, foram apresentadas ferramentas como o Plano PNAE, solução desenvolvida no Excel usada para auxiliar nutricionistas na elaboração de cardápios de acordo com as regras e diretrizes do PNAE, e diversos guias elaborados pelo órgão sobre temas ligados a execução do programa.
Durante a rodada de perguntas e respostas, algumas das dúvidas de representantes do WFP no Benim sobre a experiência brasileira envolveram questões como o financiamento do programa e sua gratuidade, gestão das cantinas e cardápios, remuneração dos funcionários e coleta de dados sobre o PNAE. A partir dos temas apresentados nos workshops, vão ser avaliados, em conjunto, temas para serem aprofundados em futuras assistências técnicas e treinamentos.
Ao responder algumas das perguntas feitas, Daniel Bandoni, coordenador de Segurança Alimentar e Nutricional da COSAN, ressaltou a gratuidade do PNAE e a preocupação que o programa tem com ofertar alimentos frescos, saudáveis e nutritivos, evitando servir bebidas açucaradas e produtos ultraprocessados aos alunos.