Entre os das 5 e 7 de abril, a cidade de Barranquilla, na Colômbia, sediou a 9ª edição do Fórum Regional de Alimentação Escolar para a América Latina e o Caribe. Em formato híbrido, o evento foi organizado pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) e pela Unidade de Alimentação para Aprender do governo colombiano. O evento promoveu discussões técnicas sobre temas como a importância do acesso ao sistema educacional de qualidade; a alimentação escolar como fator de mudança para o desenvolvimento do capital humano; equidade na educação; e benefícios e oportunidades de programas de alimentação escolar.
O Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil e o governo brasileiro participaram de diversas sessões. Na quarta-feira, 6 de abril, Vinicius Limongi, da equipe de Programas do Centro de Excelência, moderou uma sessão sobre o papel da Cooperação Sul-Sul e Triangular para melhorar sistemas de governança e a gestão dos programas de alimentação escolar na região. A sessão teve a participação de Karine Santos, Coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil; Francisco Durán, da Direção Geral de Alimentação e Desenvolvimento Comunitário do México; e de Lena Arias, do WFP no Peru.
Em um exercício de troca de experiências, os panelistas dividiram aprendizados e ferramentas de cooperação. “O tema da Alimentação Escolar, hoje, no contexto da Cooperação Sul-Sul, é discutido muito mais em termos de melhoria dos programas, garantia de financiamentos sustentáveis, investimento em temas de nutrição e também impacto socioeconômico. Na América Latina, as semelhanças entre os países da região promovem uma priorização de temas como a agricultura familiar, mercados locais e problemas como obesidade infantil”, disse Vinicius Limongi.
O painel também abordou a importância de não se pensar em Cooperação como uma replicação de modelos e de se olhar também para o aprendizado decorrente dos desafios enfrentados por outros países. Além disso, os benefícios decorrentes do trabalho conjunto com parceiros como o WFP, que podem agilizar processos de Cooperação, foi destaque. “A presença dos organismos internacionais nos países e o acesso à informação e documentação é um catalizador de esforços de Cooperação de longo prazo em alimentação escolar”, disse Lena Arias.
Desafios e oportunidades em alimentação escolar
Ao longo do evento, especialistas e representantes de governos e de organismos internacionais discutiram os desafios atuais e as oportunidade de fortalecimento da alimentação escolar. Karine Santos, Coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil, enfatizou a necessidade de se pensar nesses programas de forma estratégica. “Precisamos ver essas políticas de alimentação escolar como uma política de Estado, e não uma política que sofre mudanças a cada governo. Que nós de fato façamos das nossas políticas de alimentação escolar um direito humano, que possamos atender todos os nossos alunos”, disse.
O financiamento de programas de alimentação também foi discutido. “No Uruguai, a alimentação escolar é garantida por um imposto pago por todos que possuem imóveis. O total arrecadado por esse imposto gira em torno de U$85 milhões, o que é suficiente para cobrir o programa de alimentação escolar. Assim, já está dado o direito dos alunos que a recebem e os beneficiários sabem disso. É uma política legitimada e apropriada pela população”, explicou Violeta Torrens, Diretora de Educação Básica no Uruguai.
Já os desafios impostos pela pandemia de COVID-19, que deixou milhões de crianças sem aula em todo mundo, também foram discutidos. Para Julieta Cortés, da Secretaria de Educação da cidade de Armênia, na Colômbia, novos processos precisam ser criados para minimizar os retrocessos. “No retorno às aulas depois da pandemia, observamos um retrocesso educacional muito grande, há casos em que temos que ensinar crianças a ler novamente”, alertou. “A COVID-19 é uma mensagem por si só de que nenhum país pode trabalhar sozinho. Seja enfrentando a pandemia, seja investindo em nossas crianças por meio da alimentação escolar, temos que trabalhar juntos”, disse Nesmy Manigat, Ministro da Educação e Formação Profissional do Haiti.
Ao final do evento, os participantes aprovaram uma declaração conjunta que reforça a importância de se fortalecer as redes regionais de aprendizado e as trocas entre países da região.