Celebrada entre os dias 1 e 7 de agosto, a Semana Mundial do Aleitamento Materno 2022 é uma campanha global organizada pela Aliança Mundial para a Ação da Amamentação (WABA, em inglês), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF que surgiu com o objetivo de promover a amamentação exclusiva para os primeiros seis meses de vida e continuada até pelo menos os dois anos de idade. A amamentação nessa etapa da vida é essencial, pois o leite materno é o único alimento que contém anticorpos e outras substâncias que protegem a criança de infecções comuns enquanto ela estiver sendo amamentada, além de prevenir o aparecimento de várias doenças na vida adulta.
Este ano, a campanha mundial tem como tema “Educação e Apoio” e se concentrará no fortalecimento da capacidade das pessoas envolvidas na prática que têm de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno em diferentes níveis da sociedade. Desde 2016, a WAVA alinhou a Semana Mundial do Aleitamento Materno aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A amamentação é a chave para as estratégias de desenvolvimento sustentável pós-pandemia, pois melhora a nutrição, garante a segurança alimentar e reduz as desigualdades entre e dentro dos países.
De acordo com dados do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, apesar de a prática da amamentação ter aumentado no Brasil nos últimos anos, sua duração ainda é menor do que a recomendada. O Estudo Nacional de Alimentação Infantil (2019) apontou que a prevalência da amamentação exclusiva em menores de seis meses foi de 45,8% no Brasil. Ao final do primeiro ano de vida, apenas 43,6% das crianças estão sendo amamentadas.
No mundo, as estatísticas também estão abaixo do ideal: apenas quatro em cada dez (44%) crianças são amamentadas exclusivamente nos primeiros seis meses de vida, segundo dados de 2021 da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). A OMS ressalta que o aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos, evita diarreia e infecções respiratórias, diminui o risco de alergias, colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade na vida adulta, além de proteger a mãe contra alguns tipos de câncer e ajudar na recuperação pós-parto.
De acordo com Muriel Gubert, nutricionista e consultora do projeto Nutrir o Futuro do Centro e Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, as baixas taxas de amamentação podem estar ligadas a diversos fatores. “O marketing da indústria de alimentos na promoção de fórmulas infantis, sem dúvida, é um dos fatores mais importantes”, afirma. Outro ponto importante para a nutricionista é que, para amamentar, a mulher precisa estar apoiada e protegida.
Segundo ela, para proteger a mulher e promover o aleitamento materno é preciso fortalecer algumas ações e políticas já existentes: adoção de práticas adequadas nas maternidades, amamentação na primeira hora de vida, acesso à licença maternidade e a disseminação de Bancos de Leite Humano são alguns exemplos.
O projeto Nutrir o Futuro, desenvolvido pelo Centro de Excelência do WFP, em parceria com o Ministério da Saúde e a Agência Brasileira de Cooperação, tem estimulado a produção de conhecimento e a troca de experiências exitosas para apoiar os países a encontrarem soluções para a obesidade infantil. Dentre essas recomendações, está o estímulo à amamentação nos primeiros anos de vida como uma forma de prevenção da obesidade e de promoção da saúde e nutrição adequada para crianças.
Principais recomendações
Os dois primeiros anos de vida são os mais decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança, com repercussões ao longo de toda a vida do indivíduo. Por isso, a recomendação é que a criança seja amamentada já na primeira hora de vida e que a amamentação se prolongue por dois anos ou mais, sendo que nos primeiros seis meses a criança deve receber somente leite materno. A oferta de outros alimentos antes dos seis meses não é recomendada, pois aumenta o risco de a criança ficar doente e prejudica a absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno, como o ferro e o zinco.
Não existe um tempo máximo estabelecido para o fim da amamentação, podendo durar enquanto for desejada pela mulher e pela criança, desde que não haja nenhum prejuízo para ambas. A recomendação do Ministério da Saúde é amamentar em livre demanda nos primeiros seis meses de vida, ou seja, sempre que a criança pedir. A prática visa atender todas as necessidades do bebê, inclusive as emocionais, sem horários nem intervalos pré-definidos.
É importante que a mulher também observe sua saúde física e mental, dando atenção especial à alimentação, hidratação e descanso durante o período de amamentação. Nesse momento, é essencial que a mãe e o bebê contem com uma rede de apoio engajada, composta por familiares, amigos e instituições, dividindo responsabilidades como tarefas domésticas e cuidados com o recém-nascido.
O uso de mamadeiras e chupetas é desaconselhado por especialistas, uma vez que seu uso está associado à interrupção do aleitamento materno, além de prejudicar a habilidade da criança de regular o apetite, podendo ocasionar ganho de peso excessivo.
Os Bancos de Leite Humano oferecem apoio para todas as mamães que estão amamentando e não é necessário ser doadora para procurar o serviço. Eles recebem as mães que necessitam de ajuda ou orientação em questões relacionadas à amamentação. Hoje o Brasil tem mais de 220 bancos de leite em funcionamento. Para ler mais sobre a Rede de Banco de Leite Humano (rBLH) e doação de leite humano clique aqui.