A edição 2020 do relatório Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicada esta semana, apresenta as estimativas mais recentes e oficiais sobre o alcance da fome, insegurança alimentar e desnutrição em todo o mundo. Este ano, o relatório deu destaque especial à transformação de sistemas alimentares para dietas saudáveis e nutritivas com preços acessíveis. Embora ainda enfrentemos desafios significativos no acesso aos alimentos (quantidade), os desafios são ainda mais importantes no acesso a dietas nutritivas (qualidade).
Em um mundo que produz alimentos suficientes para alimentar toda a população, mais de 1,5 bilhão de pessoas não têm recursos suficientes para comprar alimentos de uma dieta que atenda aos níveis exigidos de nutrientes essenciais. Mais de 3 bilhões de pessoas nem sequer têm recursos suficientes para consumir a dieta saudável e nutritiva mais barata. A maioria dessas pessoas vive na Ásia (1,9 bilhão) e na África (965 milhões), embora existam milhões na América Latina e no Caribe (104,2 milhões), e na América do Norte e na Europa (18 milhões).
A insegurança alimentar pode piorar a qualidade da dieta e, consequentemente, aumentar o risco de várias formas de má nutrição, levando potencialmente à desnutrição, além de sobrepeso e obesidade. A dupla carga da má nutrição infantil continua sendo uma ameaça em todo o mundo: em 2019, estima-se que 21,3% (144,0 milhões) de crianças menores de 5 anos tenham déficit de crescimento (stunted), 6,9% (47,0 milhões) com baixo peso para a altura (wasted) e 5,6% (38,3 milhões) acima do peso, enquanto pelo menos 340 milhões de crianças sofriam de deficiências de micronutrientes.
Além disso, os devastadores impactos socioeconômicos da pandemia da COVID-19 empurrarão milhões de pessoas para a insegurança alimentar em países de baixa e média renda. O aumento da disponibilidade e acesso a alimentos nutritivos que compreendem dietas saudáveis deve ser um componente essencial dos esforços mais fortes para atingir as metas para 2030. Os anos finais da Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição 2016-2025 representam uma oportunidade para os formuladores de políticas públicas, a sociedade civil e o setor privado trabalharem juntos e acelerar os esforços.
Os países precisarão de um reequilíbrio das políticas agrícolas e de incentivos para investimentos e políticas públicas mais sensíveis à nutrição em toda a cadeia de suprimento de alimentos. Políticas que promovam mudanças comportamentais em relação a dietas saudáveis também serão fundamentais. Saiba mais sobre como a parceria entre o Centro de Excelência contra a Fome do WFP, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Ministério da Saúde pretende ajudar os países da América Latina a superar esses desafios >>