A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos da ONU, assinaram, no dia 26 de setembro, o projeto “Alternativas de escoamento dos subprodutos do algodão e culturas acessórias na África”.
O projeto de cooperação Sul-Sul tem como objetivo apoiar pequenos produtores de algodão e instituições públicas de quatro países africanos no escoamento da produção dos subprodutos do algodão (como óleo e torta) e de produtos advindos da produção consorciada de algodão (como milho, sorgo e feijão). A iniciativa visa contribuir para o aumento da renda dos pequenos produtores e para sua segurança alimentar e nutricional.
O projeto
Coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação e implementado pelo Centro de Excelência contra a Fome, o projeto atuará de forma complementar a outras iniciativas de cooperação Sul-Sul conduzidas pelo governo brasileiro no setor cotonicultor na África como, por exemplo, os projetos Cotton-4 + Togo, Cotton Victoria e Cotton Shire Zambeze. O projeto também complementa as atividades de cooperação Sul-Sul na área de segurança alimentar e nutricional desenvolvidas pelo Centro de Excelência contra a Fome.
Entre as atividades previstas, está a capacitação de pequenos produtores de algodão para a produção e comercialização dos subprodutos do algodão e das culturas consorciadas do algodão em mercados públicos e privados. A sensibilização e o apoio técnico aos órgãos públicos da área de agricultura nos países parceiros também serão promovidos para que o uso dos subprodutos do algodão e das culturas consorciadas seja incorporado em programas governamentais. Além disso, o projeto promoverá o intercâmbio entre os países. Participarão da iniciativa quatro países que serão selecionados dentre os 10 com os quais o Brasil já coopera na área do algodão.
O algodão
O continente africano consta entre os grandes produtores de algodão no mundo. Na África Subsaariana, o algodão é cultivado quase que exclusivamente por agricultores em pequenas propriedades, dependentes do trabalho dos membros da família. Enquanto a demanda pela fibra do algodão tem apresentado variações em nível global, há um interesse crescente pelos subprodutos do algodão como a semente, a torta, óleo e o línter. O projeto parte desse potencial de contribuir para o aumento da renda dos produtores de algodão por meio da ampliação da venda dos subprodutos do algodão.
A comercialização desses subprodutos pode aumentar a renda dos produtores e, ao mesmo tempo, favorecer a segurança alimentar e nutricional. Apesar de ser conhecido principalmente pela fibra utilizada na indústria têxtil, o algodão gera outros produtos, como o óleo, que é altamente nutritivo devido à presença de ácidos graxos essenciais. A inclusão do óleo de algodão na dieta de crianças e adultos, por exemplo, pode contribuir para evitar uma série de problemas de saúde relacionados à desnutrição. Outro subproduto benéfico é a torta de algodão, extraída do óleo contido na semente do algodão, após ser esmagada. Ela pode ser utilizada como fertilizante, na indústria de corantes e na produção de rações animais.
Experiência brasileira
O projeto prevê o compartilhamento de soluções eficazes para a redução da insegurança alimentar e para o apoio à agricultura familiar, tendo como referência o compartilhamento das experiências brasileiras nas áreas de compras institucionais da agricultura familiar, assistência técnica e extensão rural e alimentação escolar.