Na Expo Global de Desenvolvimento Sul-sul, em Antalya, Turquia, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC, em parceria com o Centro de Excelência do PMA, a FAO e o Unicef, realizaram um evento paralelo para discutir as práticas de cooperação Sul-Sul trilateral do Brasil. O objetivo foi promover uma reflexão crítica sobre as metodologias de cooperação envolvendo agências da ONU e países em desenvolvimento.
As percepções e lições compartilhadas no evento paralelo contribuíram para maior coordenação da agenda de cooperação Sul-Sul entre as agências da ONU e ampliaram o conhecimento sobre as práticas inovadoras de cooperação Sul-Sul do Brasil. A ABC apresentou os princípios de implementação e a governança compartilhada dessas iniciativas. O Centro de Excelência compartilhou com os participantes como suas metodologias de trabalho têm contribuído para a Agenda 2030.
Jorge Chediek, Diretor do Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC), abriu o evento e destacou que o Brasil compartilha seus recursos humanos com outros países por meio de suas instituições públicos, a partir dos princípios da cooperação Sul-Sul. Ele ressaltou o caráter inovador do Centro de Excelência contra a Fome, do PMA. “A ONU no Brasil percebeu que o país estava fazendo um trabalho fantástico em termos de programas sociais, inclusive na luta contra a fome, e ao mesmo tempo o Brasil estava muito comprometido com o compartilhamento dessas experiências”.
ABC
A ABC destacou que o modelo de cooperação brasileiro e horizontal e baseado em demandas. O Brasil não transfere soluções para outros países em desenvolvimento, mas sim compartilha experiências e e constrói soluções conjuntamente com o país parceiro. Anna Maria Graziano, Gerente de Projetos na Coordenação de Cooperação Trilateral com Organismos Internacionais da ABC, sublinhou que a cooperação brasileira não se trata somente de recursos financeiros, mas de toda a expertise acumulada pelo Brasil, os desafios superados, e a construção conjunta de soluções adaptadas à realidade de cada país.
Centro de Excelência
O Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos, mostrou sua contribuição para a Agenda 2030, especialmente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 e 17, e destacou os principais benefícios e desafios da cooperação Sul-Sul trilateral.
Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência, ressaltou que a criação do Centro aproveitou as forças do PMA e do Brasil para responder às demandas de países em desenvolvimento interessados em aprender sobre a experiência brasileira de redução da fome e da pobreza em um curto período. “O Brasil começou a cooperar porque havia uma demanda de outros países para entender suas políticas e programas nacionais”.
FAO
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura apresentou como a cooperação Sul-Sul com o Brasil amplia a contribuição da organização para o desenvolvimento de capacidades para estabelecer a agenda e as políticas para sistemas alimentares sustentáveis. A FAO também apresentou os principais benefícios de desafios desse modelo de cooperação e destacou a necessidade de fortalecimento da cooperação entre as agências da ONU com sede em Roma: PMA, FAO e IFAD.
Unicef
O Fundo das Nações Unidas para a Infância destacou a metodologia de cooperação trilateral Sul-Sul utilizada com o Brasil e enfatizou que o país é um dos poucos em que o Unicef tem um programa estruturado, com orientações operacionais e programáticas para a cooperação Sul-Sul. Ian Thorpe, chefe de aprendizagem e intercâmbio de conhecimentos do Unicef, ressaltou que a cooperação Sul-Sul é complementar às demais formas de assistência do Unicef. Ele disse que muitos dos desafios enfrentados pelas crianças ao redor do mundo são comuns, e muitas das soluções para esses desafios estão vindo do Sul, inclusive do Brasil.