Na quinta-feira, 27 de maio, um evento marcou o lançamento do Consórcio Global de Pesquisa para a Saúde e Nutrição Escolar, uma colaboração de 10 anos entre parceiros de pesquisa e de desenvolvimento, além e acadêmicos que abordarão e compartilharão pesquisas estratégicas para a tomada de decisões baseadas em evidências sobre saúde escolar e nutrição. O evento, organizado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, em parceria com o Programa Mundial de Alimentos (WFP) e a Dubai Cares, destacou o impacto econômico e social dos programas de saúde e nutrição escolar, em especial na criação de capital humano, e a importância de investir em programas baseados em evidências acadêmicas.
Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, falou no painel sobre prioridades de pesquisa para o desenvolvimento de programas e compartilhou algumas experiências de alimentação escolar desenvolvidas no Brasil. Também fizeram parte do painel Zhao Chen, da Fundação de Pesquisa de Desenvolvimento da China, e Vladimir Chernigov, Diretor do Instituto Russo de Serviço Alimentar Social e Industrial (SIFI). Em sua intervenção, Daniel Balaban falou sobre o programa brasileiro de alimentação escolar, os esforços de Cooperação Sul-Sul realizados pelo Centro de Excelência do WFP e de sua experiência como ex-Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que é a instituição do Ministério da Educação que executa e implementa o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Ele descreveu as principais características do PNAE, que abrange todas as escolas de ensino primário do país, atendendo mais de 40 milhões de crianças. “O PNAE se tornou uma referência mundial em alimentação escolar por muitas razões: o programa é uma iniciativa nacional, executada e financiada pelo governo; é universal, atingindo todas as crianças na educação pública no Brasil; cobre pelo menos 30% das necessidades nutricionais diárias das crianças; e, mais notavelmente, o PNAE foi um pioneiro na promoção de compras de agricultores familiares”, disse Daniel Balaban. Ele também destacou que o PNAE se baseia fortemente em evidências e dados, com o uso de ferramentas como aplicativos móveis e centros locais de alimentação escolar e nutrição. “Quando produzimos dados que mostram os resultados positivos que os programas de saúde e nutrição escolar podem gerar, nos tornamos mais bem equipados para defender a implementação desses programas e o aumento do investimento em todo o mundo”, disse ele.
Ele também enfatizou o papel dos Centros de Excelência do WFP, particularmente o do Brasil, no uso da Cooperação Sul-Sul para demonstrar experiências positivas em programas de saúde e nutrição escolar, como o exemplo brasileiro. “Trabalhamos para convencer governos e parceiros de que a alimentação escolar é um investimento crucial, e o fazemos mostrando evidências do que estamos dizendo”, disse. O Centro de Excelência do WFP no Brasil acompanhou de perto o processo da crescente importância da alimentação escolar, especialmente na África, onde 39 países já estavam implementando programas de alimentação escolar geridos e financiados pelos governos. “Estamos muito gratos por termos apoiado a melhoria dos programas de alimentação escolar em países como Benin, Quênia, Gâmbia, Costa do Marfim, Moçambique e Burundi – sempre apoiados nos dados sobre o programa nacional brasileiro”, disse ele.
Ao discutir o papel do recém-lançado Consórcio Global de Pesquisa para a Saúde e Nutrição Escolar, Daniel Balaban destacou a necessidade de coletar e validar dados de alimentação escolar em cada país. “Esta não é uma tarefa fácil, mas é o caminho certo para que possamos construir estratégias que apoiem os países na implementação de projetos locais de alimentação escolar”. Zhao Chen, da China, também destacou a importância da coleta de dados nas escolas para monitorar a aquisição, consumo e desperdício de alimentos, e também para acompanhar o desenvolvimento das crianças. Vladimir Chernigov, da Rússia, também sugeriu uma abordagem baseada na tecnologia e na energia verde.
O evento também incluiu outros painéis sobre resultados de saúde e nutrição em crianças e adolescentes em idade escolar; a relação entre saúde, nutrição e rendimento escolar; o impacto multissetorial de programas de saúde e nutrição escolar, utilizando análise de custo-benefício; e como os dados podem contribuir para um apoio mais coordenado e eficiente para a saúde, nutrição e educação de crianças em idade escolar.
Sobre o Consórcio Global de Pesquisa para a Saúde e Nutrição Escolar
Uma Coalizão Global está se formando para ajudar os países a restabelecer, expandir e melhorar os programas de saúde e nutrição escolar, a saúde e bem-estar de todas as crianças, fornecer uma rede de segurança para uma geração, criar capital humano, apoiar o crescimento nacional e promover o desenvolvimento econômico. Informando e participando da Coalizão está o Consórcio Global de Pesquisa para a Saúde e Nutrição Escolar, uma colaboração de 10 anos entre parceiros de pesquisa, de desenvolvimento e acadêmicos que abordarão e compartilharão pesquisas estratégicas para a tomada de decisões baseadas em evidências sobre saúde escolar e nutrição.
Juntamente com os seus parceiros, o Consórcio de Pesquisa desenvolverá uma estratégia de pesquisa independente de 10 anos sobre saúde e nutrição nas escolas. A agenda de pesquisa terá como objetivos: fornecer evidências sobre a efetividade de programas de alimentação escolar para resultados de aprendizagem, sociais e físicos de crianças e jovens em todo o mundo, incentivando o investimento em programas escolares de saúde e nutrição; e fornecer orientação programática aos formuladores de políticas públicas sobre as melhores políticas a serem implementadas com relação à saúde, nutrição e educação.