A equipe técnica do projeto Além do Algodão do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, ao lado de representantes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), estiveram em missão na Tanzânia entre os dias 21 de novembro e 1º de dezembro para apoiar agricultores e agricultoras locais por meio de oficinas e trocas de conhecimento. As atividades aconteceram nos distritos de Misungwi, Kwimba e Magu e também contaram com apoio do Ministério da Agricultura da Tanzânia.
No dia 22 de novembro deste ano, foi assinado um termo de parceria de execução entre o escritório do WFP na Tanzânia, o Conselho de Algodão da Tanzânia (TCB, na sigla em inglês) e o Instituto de Pesquisa Agrícola da Tanzânia (TARI, na sigla em inglês), com o objetivo de reafirmar o compromisso de fortalecimento da agricultura local e o aumento da produtividade do algodão e culturas alimentares.
Também foram realizadas ações voltadas para melhoria das práticas agrícolas relacionadas ao plantio do algodão e culturas associadas, como a montagem e demonstração do uso e funcionalidade de equipamentos como o motocultivador e sementadeira. A atividade demonstrou aos agricultores um ganho de tempo e produtividade dez vezes maior do que o manejo e plantio manual, o que possibilitará que os agricultores tenham maior aproveitamento do período chuvoso.
As equipes técnicas entregaram pluviômetros (aparelhos de meteorologia usados para recolher e medir a quantidade de líquidos ou sólidos precipitados) para serem instalados no campo e auxiliar a medição do índice pluviométrico nos distritos de Kwimba e Magu. Outra atividade realizada foi um diagnóstico participativo rural, com presença de cerca de 50 mulheres da comunidade de Magu. O diagnóstico envolveu o mapeamento dos grupos alimentares consumidos pela população do distrito, bem como sua forma de preparo, consumo e aquisição.
Após compreender melhor o contexto alimentar local, Vanille Pessoa, nutricionista e professora da UFCG, apontou algumas soluções nutricionais que podem ser seguidas cotidianamente, e, em seguida, demonstrou as melhores associações alimentares. “Um bom exemplo é não misturar laticínios com alimentos ricos em ferro, como o feijão, para evitar competição entre os nutrientes”, afirmou a nutricionista. A realização dessa atividade possibilitará um trabalho conjunto do WFP com o Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura da Tanzânia na elaboração de estratégias contra a desnutrição, deficiência nutricional e obesidade.
Nutricionistas também ministraram oficinas com orientações de boas práticas alimentares no distrito de Kwimba, onde os participantes puderam aprender mais sobre práticas de consumo e processamento de alimentos locais, como a desidratação dos alimentos na sombra, tempo de cozimento dos alimentos e técnicas de higienização.
Construção de cisternas
O Engenheiro Agrônomo e professor da UFCG, Dr. Luderlândio Andrade, com apoio dos técnicos do Projeto Além do Algodão, ministrou workshops para construção de cisternas de placas para as comunidades, uma tecnologia brasileira que consiste em um reservatório que faz a captação e armazenamento da água da chuva. As cisternas têm capacidade para armazenar 16 mil litros de água e estão sendo construídas próximas às escolas. A ideia é que o sistema forneça água potável para o consumo humano, para as escolas e para irrigação de hortas escolares, o que possibilitará que as crianças não mais precisem caminhar cerca de quarenta minutos em busca de água. Até o final de dezembro, estima-se que pelo menos 12 cisternas sejam construídas nos distrititos.
Além disso, a Engenheira Agrônoma e assistente técnica do Centro de Excelência, Thaynara Dias, apresentou os principais cuidados que se deve ter ao utilizar a água da chuva da cisterna para consumo humano para os moradores locais. “É importante que as primeiras chuvas sejam utilizadas para lavagem dos telhados e em seguida inicie a coleta da chuva, para que se armazene uma água livre de impurezas. Antes de consumi-la, deve-se ferver a água ou armazená-la em garrafas pets transparentes e expô-las ao sol por doze horas para esterilização”, afirmou.